'Momento perdido': Guaidó atingido por escândalo de corrupção enfraquece oposição na Venezuela

© REUTERS / Manaure QuinteroO presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, antes da eclosão do escândalo de corrupção, fala em Caracas, em 1 de dezembro de 2019
O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, antes da eclosão do escândalo de corrupção, fala em Caracas, em 1 de dezembro de 2019 - Sputnik Brasil
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Alvo de denúncias de corrupção, oposição venezuelana parece perder o momento, enquanto aprovação do presidente autoproclamado, Juan Guaidó, segue em queda.

Nove congressistas das fileiras de Guaidó foram denunciados pelo website armando.info de fazer lobby para empresário ligado à Maduro, reportou a Reuters.

Apoiadores do presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, expressam frustração em relação às chances da oposição derrubar o governo de Nicolás Maduro.

"Guaidó perdeu o seu momento", afirmou Mario Silva, engenheiro de Maracaibo.

Silva, que apoiou Chávez e Maduro no passado, ficou desiludido com o governo em função da pobreza e corrupção que assola o país.

"Eu vi [Guaidó] como uma salvação para o país. Mas ele, assim como Chávez, me decepcionou", concluiu o engenheiro.

No início de novembro, o líder da oposição teve dificuldades para organizar nova onda de manifestações de rua, que reuniram número reduzido de participantes.

Nova batalha pela liderança da oposição

De acordo com o instituto de pesquisa local Datanálisis, Guaidó perde apoio gradualmente: em fevereiro, o presidente autodeclarado tinha 61% de aprovação. Em novembro, antes das denúncias de corrupção, essa cifra caiu para 42%.

© AP Photo / Ariana CubillosLíder da oposição, Juan Guidó, com menina durante ato político na região de El Paradiso, em Caracas, em setembro de 2019
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Líder da oposição, Juan Guidó, com menina durante ato político na região de El Paradiso, em Caracas, em setembro de 2019

Cientistas políticos locais ouvidos pela Reuters acreditam que uma nova batalha pela liderança da oposição se avizinha.

"A realidade política que tínhamos na Venezuela durante os últimos dez meses terminou", disse Dmitris Pantoulas, analista político em Caracas.

"É o fim da era de harmonia e unidade" nas fileiras da oposição à Maduro, acrescentou.

Por outro lado, Emilito Graterón, coordenador nacional do partido de Guaidó, acredita que o presidente autoproclamado segue como "líder inconteste" da oposição, mas admite que o escândalo marca "uma ruptura".

A oposição venezuelana enfrenta desafios para manter-se unida e já foi liderada por outras figuras, como Henrique Caprilles e Leopoldo López.

O escândalo

Neste domingo (1), website venezuelano informou que nove congressistas da oposição enviaram cartas de apoio a Carlos Lizcano, cidadão colombiano ligado a Alex Saab, que é alvo de sanções dos EUA e acusado de desviar verbas de programa de distribuição de alimentos.

No mesmo dia, Guaidó, declarou ser "inaceitável" o uso de instituições do Estado para "lavar a cara de corruptos".

O coordenador do partido Graterón, por sua vez, minimizou as acusações, lembrando que o escândalo afeta um "número pequeníssimo" de congressistas "moralmente fracos".

Os apoiadores da oposição, no entanto, parecem levar a sério as denúncias: "Não podemos ser aquilo que negamos. Não podemos denunciar um regime corrupto e ficar ao lado de outros corruptos", disse Rubén Iriarte, empresário de 49 anos da Cidade Guayana.  

O presidente Nicolás Maduro, que considera Guaidó um títere norte-americano, celebrou com cautela a publicação das investigações.

© AP Photo / Ariana CubillosManifestante pró-governo toca guitarra durante protesto contra o TIAR, Acordo de assistência recíproca, que impôs restrições à Venezuela, em 3 de dezembro de 2019
'Momento perdido': Guaidó atingido por escândalo de corrupção enfraquece oposição na Venezuela - Sputnik Brasil
Manifestante pró-governo toca guitarra durante protesto contra o TIAR, Acordo de assistência recíproca, que impôs restrições à Venezuela, em 3 de dezembro de 2019

Juan Gaidó, presidente da Assembleia Nacional Venezuelana, se autoproclamou presidente da República bolivariana em janeiro de 2019.

Mais de 50 países, inclusive os EUA, reconhecem o Guaidó como líder legítimo da Venezuela. No entanto, a oposição ainda não foi capaz de assumir o poder e derrubar o presidente do país, Nicolás Maduro.

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