Reunião de líderes da Líbia em Moscou deve dar 'mais resultados' do que na ONU, diz analista

© REUTERS / Ismail ZetouniTanque destruído em Gharyan, ao sul de Tripoli, na Líbia, em julho de 2019
Tanque destruído em Gharyan, ao sul de Tripoli, na Líbia, em julho de 2019 - Sputnik Brasil
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Nesta segunda-feira (13), as partes em conflito na Líbia irão se reunir em Moscou para dar "um primeiro passo" no estagnado processo de paz no país. Para alcançar resultados, são necessárias "negociações diretas" e intermediação de países "com influência real", diz analista.

Uma primeira etapa das negociações para a resolução do conflito líbio pode ocorrer hoje (13) na reunião entre o premiê do Governo do Acordo Nacional (GNA), Fayez Sarraj, e o líder do Exército Nacional Líbio (LNA), marechal Khalifa Haftar, a ser celebrada em Moscou, na Rússia.

De acordo com o diretor acadêmico do fórum de Valdai, Fiodor Lukianov, a chance das negociações alcançarem resultados em Moscou é maior do que em outras plataformas, inclusive na ONU.

"Eu acredito que a possibilidade de ser atingido algum resultado precisamente em Moscou é maior do que em qualquer outro lugar. Notemos, por exemplo, a tentativa da Itália de mediar as negociações alguns dias atrás, que acabou em um tremendo fracasso", disse Lukianov à Sputnik.

Mesmo assim, Lukianov acredita que os resultados desta reunião devem ser parciais. Para ele, um conflito dessa envergadura não pode ser resolvido somente com uma reunião.

"Esse tipo de conflito demanda uma série de encontros [para ser solucionado], uma série de negociações e mediadores internacionais empenhados", lembrou.

No entanto, a reunião em Moscou deve marcar um início importante no processo de paz da Líbia, cujas negociações em outras plataformas estão estagnadas:

"Sem o início deste tipo de processo – direto ou com participação de atores internacionais com influência real – não se iria obter nada. Portanto, me parece que se trata de um primeiro passo […] Mas, claro, não há garantias."

A situação é bastante difícil, uma vez que Haftar e seus aliados acreditam que existe uma solução militar para o problema líbio.

"O general Haftar e aqueles que o apoiam no mundo árabe acreditam que, ao fim e ao cabo, a situação será resolvida militarmente. A Rússia, como eu vejo, acredita que não há uma solução militar para o conflito e que é necessário buscar outras formas de chegar a um acordo, o que corresponde aos princípios da ONU."

© REUTERS / Esam Omran Al-FetoriForças líbias leais ao comandante do leste Khalifa Haftar ao oeste de Benghazi, Líbia
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Forças líbias leais ao comandante do leste Khalifa Haftar ao oeste de Benghazi, Líbia

Lukianov acredita que a realização da reunião em Moscou é um complemento aos processos de paz negociados em plataformas multilaterais, como a da ONU.

"Qualquer resultado estável e de longo prazo [que seja atingido em Moscou] deverá ser legitimado através do sistema da ONU. Apesar de a organização estar em crise, não há alternativas a ela", lembrou.

O especialista lembra que processo similar ocorreu no caso sírio: a plataforma de Astana foi criada para complementar as negociações lideradas pela ONU em Geneva, que atingiam poucos resultados.

"Essa situação me lembra o processo de Astana, que foi criado não como alternativa, ao menos como um complemento sério e relevante complemento ao processo de Geneva, conduzido pela ONU. Como vimos, [Astana] obteve muito mais resultados do que Geneva", concluiu.

Nesta segunda-feira (13), o premiê do Governo do Acordo Nacional (GNA), Fayez Sarraj, e o líder do Exército Nacional Líbio (LNA), marechal Khalifa Haftar, se reunirão em Moscou, conforme informou a chancelaria russa.

© AP Photo / Lefteris PitarakisPresidentes da Rússia e Turquia conversam com ajuda de tradutor em cerimônia de abertura de gasoduto comum, em Istanbul, em 8 de janeiro de 2020
Reunião de líderes da Líbia em Moscou deve dar 'mais resultados' do que na ONU, diz analista - Sputnik Brasil
Presidentes da Rússia e Turquia conversam com ajuda de tradutor em cerimônia de abertura de gasoduto comum, em Istanbul, em 8 de janeiro de 2020

A reunião é resultado de uma iniciativa conjunta entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que acordaram suas posições acerca do conflito líbio em um recente encontro em Istambul.

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