Londres estaria sob pressão para seguir exemplo de Biden e congelar venda de armas à Arábia Saudita

© AFP 2023 / Iakovos HatzistavrouCaça Eurofighter Typhoon da Força Aérea Real do Reino Unido
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Mudanças na política dos EUA com a presidência de Joe Biden deixa o Reino Unido sob risco de ficar diplomaticamente isolado, segundo opinião do jornal The Guardian.

A decisão dos EUA de congelar a venda de armamento para a Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos (EAU) enquanto aguarda revisão, levou o Reino Unido, segundo maior fornecedor de armas de Riad, a reavaliar sua própria política, segundo informou o jornal The Guardian.

Autoridades britânicas afirmaram que o país não tem planos de rever as vendas de armas, mas, pelo menos, o ceticismo da administração Biden sobre a guerra de seis anos da Arábia Saudita no Iêmen exigirá do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido uma mudança em suas prioridades, caso contrário, o país corre risco de parecer diplomaticamente isolado, de acordo com o jornal.

Além disso, podem surgir implicações práticas inevitáveis para as empresas de armamento britânicas. Fornecendo provas para o Comitê de Controle da Exportação de Armas do Parlamento no mês passado, especialistas disseram que os passos dos EUA terão um efeito indireto, por exemplo, quando o equipamento britânico estiver ligado a acordos de licenciamento norte-americanos.

Ainda não está claro quanto tempo demorará a revisão dos Estados Unidos e até que ponto o país mudará sua posição sobre a guerra civil no Iêmen.

O novo secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, ao confirmar a revisão da vendas de armas, sublinhou que a Arábia Saudita é uma parceira dos EUA e criticou as violações dos direitos humanos pelos houthis, grupo que combate os sauditas.

No entanto, Blinken acrescentou que "estamos vendo uma campanha liderada pela Arábia Saudita, que também contribuiu para algo que é, por muitos estimada, como a pior crise humanitária no mundo atual e isso significa algo", disse o secretário citado pelo jornal.

Segundo dados do Instituto de Investigação da Paz Internacional de Estocolmo (SIPRI, na sigla em inglês), da Suécia, as armas produzidas pelos EUA são três quartos do volume total de todas as vendas de armamento para a Arábia Saudita de 2015 a 2019.

A Campanha Contra o Comércio de Armas (CAAT, na sigla em inglês) do Reino Unido afirmou que o país vendeu aproximadamente em armamento US$ 7,4 bilhões (cerca de R$ 40 bilhões) para a Arábia Saudita desde o início da guerra com o Iêmen, o que faz o Reino Unido ser o segundo maior exportador de armas. A Alemanha já suspendeu suas vendas em uma decisão que dividiu seu governo.

Agora, a questão é se os Estados Unidos pressionarão o Reino Unido para seguir suas ações e suspender a venda de armamento para a Arábia Saudita.

O Reino Unido suspendeu sua venda lucrativa de armas para a Arábia Saudita por um ano em junho de 2019, quando o tribunal de apelação, no âmbito do controle judicial, considerou as vendas ilegais.

O tribunal considerou que os ministros do Reino Unido não estavam, na verdade, realizando qualquer avaliação independente para saber se a campanha aérea saudita cumpriu os requisitos da lei que abrange a proporcionalidade. A decisão levou a um grande atraso na aprovação de licenças de venda de armas.

No verão de 2020, o Departamento do Comércio e Indústria retomou as vendas, afirmando que reviu a decisão e considerou que não havia um risco claro de que as exportações pudessem ser utilizadas em violação grave do direito internacional.

"Se o governo dos EUA, o maior exportador de armas no mundo, está preparado para tomar uma posição, então já chegou a hora para Boris Johnson e seus colegas fazerem o mesmo", disse Andrew Smith, diretor da CAAT.

O Reino Unido poderá também necessitar de rever a ajuda técnica que seus funcionários militares fornecem para ajudar a Força Aérea saudita em realizar uma campanha aérea em conformidade com os direitos humanos.

O problema mais profundo é como encontrar uma maneira para convencer Riad e os houthis de chegarem a um acordo político sobre o futuro do Iêmen, concluiu a mídia.

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