Por que a Europa não está interessada na 'aliança anti-China' de Biden?

© REUTERS / YVES HERMANBandeiras da União Europeia tremulam em frente à sede da Comissão Europeia, em Bruxelas, Bélgica
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EUA veem o novo acordo de investimento que a União Europeia (UE) negociou com a China como um erro estratégico, ou ainda uma afronta ao governo Biden, escreve o jornal alemão Handelsblatt.

O novo presidente norte-americano, o democrata Joe Biden, promete fortalecer organizações internacionais, consultar aliados e formar uma aliança de democracias para combater potências como a China. No entanto, os avanços de Biden em relação aos europeus até agora não foram correspondidos.

"A vontade de cair nos braços abertos dos norte-americanos e se tornar parte de uma aliança anti-China liderada pelos EUA não é particularmente grande, seja em Bruxelas, Berlim ou Paris. O acordo de investimento é um sinal claro de que a UE quer seguir seu próprio rumo na política chinesa", destaca o jornal.

Um novo estudo a que a mídia teve acesso esclarece o pano de fundo das preocupações norte-americanas. Nas próximas duas décadas vai ocorrer uma "mudança de longo prazo no equilíbrio do poder econômico […] [e] nenhuma outra região do mundo crescerá mais economicamente do que o leste da Ásia e o Pacífico", escrevem os autores do estudo.

O resultado é que, de acordo com a análise, em 2040 essa "região alcançará uma produção econômica maior do que a América do Norte, Europa Ocidental e Central juntas". E a China continuará sendo o principal motor desse processo.

© AFP 2023 / STRTrabalhadores de uma indústria na China.
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Trabalhadores de uma indústria na China.

Protecionismo e globalização

"Em vista a rivalidade entre os EUA e a China, a UE deve lutar pelo livre comércio e contra o protecionismo", afirma ao jornal Bertram Brossardt, diretor-geral da Associação para a Economia da Baviera, Alemanha, que encomendou o estudo.

Do ponto de vista do governo Biden, o conceito de dissociar as economias da Europa e dos EUA é radical demais, diz o jornal. "Não acho que separar as economias da China, dos EUA, da Europa, do Japão e da Índia seja uma perspectiva realista. É quase impossível desfazer esses laços", garantiu Nicholas Burns, assessor de Biden, à mídia.

Todavia, o domínio econômico do Ocidente deve declinar nos próximos 20 anos, o que pode ser acompanhado por uma diminuição da globalização e as economias individuais podem sofrer perdas significativas no processo, enfatiza o estudo.

Em princípio, Biden compartilha a opinião do ex-presidente Donald Trump de que o modelo autoritário da China representa uma ameaça à democracia liberal. Mas, ao contrário de Trump, Biden não pretende colocar os EUA em primeiro lugar, mas sim construir uma "frente unida de amigos e parceiros contra o comportamento abusivo da China", diz o assessor.

© AP Photo / Lintao ZhangXi Jinping, presidente da China (à direita), aperta a mão de Joe Biden, então vice-presidente dos EUA, no Grande Salão do Povo, em Pequim, na China, em 4 de dezembro de 2013
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Xi Jinping, presidente da China (à direita), aperta a mão de Joe Biden, então vice-presidente dos EUA, no Grande Salão do Povo, em Pequim, na China, em 4 de dezembro de 2013

UE entre China e EUA

Após sete anos de negociações, UE e China anunciaram, no começo do mês, o Acordo Integral de Investimentos (CAI, na sigla em inglês). A UE disse que o acordo proporcionaria condições equitativas para os investidores europeus, estabelecendo obrigações claras para as empresas estatais chinesas e proibindo transferências forçadas de tecnologia, entre outras práticas. A conclusão das negociações foi vista na altura como uma vantagem diplomática para Pequim, uma vez que ocorreu antes da posse de Biden como presidente dos EUA.

O porta-voz de política externa do Partido Social-Democrata alemão, Nils Schmid, considera que a UE não deve ignorar o contexto geopolítico na definição da sua política comercial. Em declarações ao Handelsblatt, Schmid ressaltou que o acordo não é um "grande pecado" e não interfere na cooperação estreita com os norte-americanos.

Para evitar a dependência excessiva do mercado chinês, o social-democrata não defende o isolamento, mas sim a cooperação com os vizinhos da China. "Também precisamos de acordos com outros países da região", comentou.

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