Após acordos com Israel, países árabes se calam pela 1ª vez diante do conflito israelo-palestino

© AP Photo / Nir EliasO Conselheiro de Segurança Nacional de Israel, Meir Ben-Shabbat, centro-esquerda, bate o cotovelo com um oficial dos Emirados ao deixar Abu Dhabi, Emirados Árabes, 1º de setembro de 2020
O Conselheiro de Segurança Nacional de Israel, Meir Ben-Shabbat, centro-esquerda, bate o cotovelo com um oficial dos Emirados ao deixar Abu Dhabi, Emirados Árabes, 1º de setembro de 2020 - Sputnik Brasil, 1920, 18.05.2021
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O comedimento adotado por alguns países árabes perante os confrontos entre Israel e a Faixa de Gaza demonstram uma postura nunca vista antes na região, e causam revolta entre suas populações.

O conflito entre israelenses e palestinos não é algo novo a ser presenciado na história do Oriente Médio, porém, pela primeira vez, Estados árabes, que sempre expressaram seu apoio à causa palestina, mudam o tom ou se calam em uma nova narrativa tecida após recentes acordos fechados entre esses Estados e Israel.

O relativo silêncio vem de países que "fizeram as pazes" com Tel Aviv em 2020 por meio dos Acordos de Abrãao, que foi amplamente impulsionado durante um amigável diálogo entre Israel e os EUA sob a administração de Donald Trump.

Enquanto a Turquia e o Irã expressam sua indignação com a postura israelense no conflito, outros países que faziam o mesmo em confrontos anteriores como Emirados Árabes Unidos (EAU), Bahrein, Marrocos e Sudão, estão mais contidos e, pela primeira vez na história da região, se dividem em condenar Israel pelos ataques à Faixa de Gaza.

Ao selarem a paz com Estado judeu, EAU, Bahrein, Marrocos e Sudão estão tendo que lidar com a diferença entre sua nova postura e a raiva de seus cidadãos árabes que expressam apoio à causa palestina.

"É extraordinário, nesta posição de negação dos EAU em particular, que eles não tenham feito quase nenhuma crítica ao que está acontecendo em Israel e nos territórios palestinos ocupados. É um sinal da liderança dos Emirados de que [o país] não será desviado dessa aliança crescente, que eles consideram valiosa para planos futuros. Isso inclui combater o Irã, a Turquia […]. Há muito espaço para fazer uma declaração favorável aos direitos dos palestinos, sem endossar o Hamas. E eles não fizeram isso", disse Chris Doyle, diretor do Conselho de Entendimento Árabe-Britânico (CAABU, na sigla em inglês) citado pelo The Guardian.

É importante lembrar que os EAU se encontram em progressivos movimentos diplomáticos ao expandirem políticas de reconciliação, desenvolvendo um recente papel de pacificador no Oriente Médio. Porém, mesmo com essa nova abordagem, Abu Dhabi ainda não se manifestou.

A cobertura do conflito é quase inexistente nos jornais dos EAU, silenciosa no Bahrein e na Arábia Saudita, que ainda não assinou um acordo de paz com Israel, mas deu dicas de que pode fazê-lo, de acordo com a mídia.

Para Mohanad Hage Ali, pesquisador do Carnegie Middle East Center, um think thank no Líbano, há uma discrepância entre a nova política externa adotada por esses países diante do conflito israelo-palestino e a interpretação de sua população, e que isso pode "manchar sua reputação" com outros Estados árabes.

"[Esses governos] estão do lado errado da opinião pública na forma como são vistos e recebidos pelas populações da região árabe. Eles estão tentando seguir uma política externa ativa, ocupando posições que nunca tiveram antes. Eles podem ser vistos como sinônimos da ocupação israelense e da política israelense na região. Isso terá um impacto não apenas em Israel, mas em seus novos aliados árabes. E isso manchará sua reputação", disse o pesquisador citado pela mídia.

Diante do silêncio desses países e sem uma clara perspectiva para o cessar-fogo entre Israel e a Faixa de Gaza, o conflito já ceifou a vida de 212 palestinos, incluindo 61 crianças, e mais de 1.400 ficaram feridos. Em Israel, dez pessoas morreram, incluindo uma criança.

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