Em 2020, nenhum navio de guerra norte-americano visitou Hong Kong, uma situação que provavelmente não se alterará depois que a pandemia do novo coronavírus termine, uma vez que as expectativas são que as relações China-EUA se deteriorarem ainda mais, afirma o jornal South China Morning Post nesta quarta-feira (30).
Uma fonte militar baseada em Pequim disse à mídia que o ELP não ficou feliz com as visitas da Marinha dos EUA nos últimos anos, alegando que os norte-americanos usaram as escalas nos portos de Hong Kong como desculpa para conduzir operações de navegação e monitorar os movimentos do ELP.
"É uma das coisas que causaram o fracasso do Acordo Consultivo Marítimo Militar [MMCA, na sigla em inglês] programado devido à grande divergência entre as duas forças", afirmou a fonte ao jornal.
EUA e China trocaram acusações depois que a conferência planejada ocorrer entre 14 e 16 de dezembro para discutir a segurança aérea e marítima não aconteceu, uma vez que Pequim não compareceu às reuniões virtuais.
A fonte chinesa também disse à mídia que quando o ELP conduzisse exercícios perto das ilhas Paracel e Spratly, no disputado mar do Sul Mar da China, o exército localizaria pelo menos um navio de guerra dos EUA na área. "É impossível expulsar todos os navios de guerra norte-americanos da região porque o ELP reconhece o direito dos EUA de conduzir operações de liberdade de navegação", comenta a fonte.
EUA e os portos de Hong Kong
Lu Li-shih, ex-instrutor da Academia Naval de Taiwan, defende que Pequim não deveria vincular as visitas dos navios norte-americanos aos portos de Hong Kong à liberdade de operações de navegação no mar do Sul da China.

"As duas coisas não são relacionadas […]. Mas não é surpreendente que o ELP reclame sobre os marinheiros norte-americanos descansando e relaxando em território chinês [em Hong Kong] para, em seguida, conduzem a liberdade de operações de navegação na região", diz Lu.
As visitas da Marinha dos EUA à cidade datam dos primeiros anos da colônia britânica, e os navios de guerra eram visitantes regulares nos anos que antecederam a transferência para o domínio chinês em 1997. Desde então o número de escalas diminuiu.
Em todo o ano de 2019, apenas o USS Blue Ridge visitou Hong Kong. EUA afirmam que pelo menos seis pedidos de escala em portos na cidade foram recusados naquele ano. Em julho do ano passado, o Ministério das Relações Exteriores da China disse que Pequim suspendeu todas as análises dos pedidos militares dos EUA para enviar navios e aeronaves para visitar Hong Kong em resposta à assinatura do presidente dos EUA, Donald Trump, da Lei de Direitos Humanos e Democracia em Hong Kong, que exige sanções às autoridades chinesas e de Hong Kong se Washington determinar que os direitos humanos não estão sendo respeitados pela cidade.
Drew Thompson, ex-funcionário do Pentágono e responsável por administrar as relações com a China, disse que a suspensão das escalas é resultado de considerações políticas e não é consistente com a prática internacional.
"As escalas nos portos de Hong Kong, historicamente, não faziam parte da relação militar [EUA-China]. Não foram negociadas com Pequim, mas entre a Marinha dos EUA e as autoridades de Hong Kong diretamente", argumenta Thompson.
Os militares dos EUA realizaram atividades regulares de treinamento conjunto com a força policial de Hong Kong antes e depois da transferência de poder do Reino Unido para China. No entanto, a cidade parou de enviar oficiais para participar de cursos ministrados pelas academias internacionais de aplicação de lei em setembro do ano passado.

A relação entre os militares de China e EUA se deteriorou ainda mais este ano, à medida que ambos os lados intensificaram seus exercícios na região.
Este ano, o governo de Hong Kong também decidiu rescindir o contrato do porto Fenwick Pier Fleet Arcade, que atendeu gerações de marinheiros dos EUA, e solicitou à Associação de Guias de Militares (SGA, na sigla em inglês), responsável pelo porto, que deixe a cidade em até dois anos, outro sinal de que as escalas dos EUA em Hong Kong se tornarão uma coisa do passado.
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