Neste domingo (02), o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, visitou a capital do Cazaquistão, Nursultan, para encontros de alto nível. Nesta segunda-feira (03), o secretário segue para Tashkent, capital do Uzbequistão.
De acordo com Seymour Mammadov, diretor do clube internacional de especialistas EurAsiaAz, os principais pontos na agenda de Pompeo na região são a retirada de tropas dos EUA do Afeganistão e a contenção da influência da Rússia e China na Ásia Central.
Os Estados Unidos planejam retirar as suas tropas do Afeganistão em um futuro próximo. Nesse contexto, o Uzbequistão tem desempenhado um papel chave nas negociações e na reestruturação da economia afegã, disse Mammadov.
Enquanto os norte-americanos se engajam em diálogo com o Talibã na cidade de Doha, no Qatar, Tashkent estaria encarregada de persuadir o Talibã a iniciar negociações com o governo afegão, em Cabul, reportou o canal chinês CGTN.

O segundo ponto na agenda dos EUA, a contenção da Rússia e China, é um pouco mais complexo e traria resultados somente no longo prazo, aponta o analista.
Para isso, os EUA apostam no aumento da influência econômica norte-americana. Durante a sua visita ao Cazaquistão, Mike Pompeo defendeu a abertura do país para investimentos provenientes dos EUA.
Para o secretário de Estado dos EUA, ao fazer parcerias com os norte-americanos, os países "obtém contratos justos, criação de emprego, transparência”, além de "empresas que se preocupam com o meio ambiente", defendeu.
Além da distância geográfica, que dificulta uma presença americana mais robusta na Ásia Central, os EUA enfrentariam uma crise de credibilidade entre as repúblicas pós-soviéticas.

O analista lembra que o Fundo Monetário Internacional (FMI) prometeu conceder empréstimos de US$ 17,5 bilhões (cerca de R$ 74 bilhões) à Ucrânia, mas, no final, disponibilizou somente US$ 8,5 bilhões (cerca de R$ 36 bilhões).
O Banco Mundial também teria frustrado as expectativas de Kiev: ofereceu cerca de US$ 12,6 bilhões (cerca de R$ 53 bilhões) para o período de 2015 a 2017, mas forneceu apenas cerca de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 8 bilhões).
O modelo norte-americano de ajuda militar também pode parecer desinteressante para a Ásia Central. Os EUA vendem armas obsoletas para o Exército ucraniano, propondo créditos que devem ser pagos futuramente, o que parece render poucos benefícios para Kiev, argumenta Mammadov.
Além disso, a influência econômica chinesa na região seria um obstáculo real à presença de Washington. Os EUA não têm um projeto da envergadura do chinês Nova Rota da Seda para competir por investimentos na região.

Ainda, os EUA teriam dificuldades de superar a influência político-militar de Moscou, que coopera com os países da região em organizações internacionais como a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO) e União Econômica da Eurásia (EAEU).
"Washington parece ser o ator externo mais fraco na Ásia Central", concluiu, acrescentando que a União Europeia, Japão, Arábia Saudita e Coreia do Sul também teriam dificuldades em penetrar nessa região, rica em recursos naturais.
Nesta segunda-feira (03), Mike Pompeo visitou a capital do Uzbequistão, Taskent, para reuniões com representantes do governo. Além disso, ministros das relações exteriores dos demais países da região –Quirguistão, Tajiquistão, Turcomenistão e Cazaquistão- reuniram-se com o norte-americano, no formato C5+1.
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