Ataques aéreos de Biden na Síria são 'presente' para o Daesh, diz ex-senador dos EUA

© REUTERS / Maxar TechnologiesImagem de satélite mostra os edifícios destruídos na Síria, perto da fronteira com o Iraque, na sequência dos ataques aéreos dos EUA realizados em 25 de fevereiro
Imagem de satélite mostra os edifícios destruídos na Síria, perto da fronteira com o Iraque, na sequência dos ataques aéreos dos EUA realizados em 25 de fevereiro - Sputnik Brasil, 1920, 07.03.2021
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Na opinião de Richard Black, ex-senador republicano norte-americano, o Daesh sai fortalecido com os ataques de Washington contra milícias iraquianas, que lutam contra a organização terrorista.

Ataques aéreos dos EUA como o de 26 de fevereiro, ordenado pelo presidente Joe Biden, contra as Forças de Mobilização Popular (PMU, na sigla em inglês) do Iraque, reforçam as atividades do Daesh (organização terrorista, proibida na Rússia e em vários outros países) no Iraque e na Síria, disse no sábado (6) Richard Black, ex-membro republicano do Senado à agência Press TV.

"As forças [iraquianas] das PMU têm lutado principalmente contra o Daesh e têm sido altamente eficazes contra ele. Portanto, quando os EUA atacam as PMU, eles auxiliam os terroristas do Daesh no Iraque e na Síria", afirmou.

O bombardeio dos EUA veio após foguetes terem atingido a Zona Verde em Bagdá, onde está localizada a embaixada dos EUA, e após um ataque anterior contra a base militar dos EUA no Aeroporto Internacional de Arbil, no norte do Iraque. De acordo com Richard Black, é até "improvável" que a liderança norte-americana saiba de fato quem lançou os ataques.

© REUTERS / Handout / Maxar TechnologiesVista da fronteira entre o Iraque e a Síria e edifícios antes dos ataques aéreos dos EUA em 26 de fevereiro de 2021
Ataques aéreos de Biden na Síria são 'presente' para o Daesh, diz ex-senador dos EUA - Sputnik Brasil, 1920, 07.03.2021
Vista da fronteira entre o Iraque e a Síria e edifícios antes dos ataques aéreos dos EUA em 26 de fevereiro de 2021

"A Administração Biden escolheu usar os ataques com foguetes à Zona Verde como pretexto para atacar as forças iraquianas (antiterroristas), que estavam efetivamente impedindo os militantes do Daesh de operar ao longo da fronteira sírio-iraquiana. Os ataques visaram território soberano sírio e ocorreram em clara violação do direito internacional", acrescentou ele.

"Uma política que sempre assume que são as forças iraquianas antiterroristas a dispararem os foguetes dá ao Daesh o poder de desencadear um ataque aéreo americano contra seus inimigos sempre que o Daesh o queira. O Daesh dispara foguetes, nós culpamos as milícias iraquianas, os EUA bombardeiam as forças iraquianas. Essa estratégia é injusta e imoral", apontou.

"O presidente dos EUA tem o poder de parar estas guerras. No entanto, ele não pode conseguir isso sem retirar totalmente as forças militares [americanas] da região. Os EUA têm usado repetidamente os ataques a suas forças militares como justificativa para o aumento de tropas. Se Joe Biden quisesse deixar um legado duradouro e positivo, ordenaria que todas as tropas dos EUA deixassem o Oriente Médio dentro de 90 dias. No entanto, não espero que isso aconteça", concluiu Black.

Presença dos EUA na Síria

O ex-senador chamou a atenção geral após visitar o presidente sírio Bashar Assad em abril de 2016 e setembro de 2018, sendo um dos poucos legisladores nos EUA que criticaram o envolvimento do país na guerra civil síria. Richard Black vê a política norte-americana como uma violação da soberania da Síria e defende a retirada de Washington da região.

De acordo com a Casa Branca, os ataques aéreos de 26 de fevereiro visaram destruir instalações supostamente operadas pelos grupos Hezbollah e Kataib Sayyid al-Shuhada, que fazem parte das PMU, responsáveis pela luta contra o Daesh na região. No entanto, os EUA afirmam que operam "a mando do Irã".

Os ataques aéreos dos EUA contra a Síria suscitaram críticas por parte de vários legisladores, levando-os a exigir a restrição dos poderes presidenciais, revogando duas leis, de 1991 e de 2002, que permitem aos presidentes dos EUA usar a força militar em todo o mundo.

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