Será possível ver mais 8 bilhões de anos-luz da evolução do Universo que atualmente, revela estudo

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Universo (imagem referencial) - Sputnik Brasil
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Maioria das fusões binárias compactas no Universo produzem ondas gravitacionais fracas e indetectáveis. Astrônomos propõem método para analisar mais 8 bilhões de anos-luz do que observamos hoje.

No ano passado, a rede avançada de detecção de ondas gravitacionais dos observatórios LIGO e Virgo coletou dados de 35 buracos negros e estrelas de nêutrons em fusão.

Muitos dados se perdem

Um ótimo resultado, mas o que terá sido perdido? De acordo com Rory Smith, astrônomo da Universidade Monash na Austrália, é provável que haja outros 2 milhões de eventos de ondas gravitacionais de buracos negros fundidos não detectados, ou seja, "um par de buracos negros fundidos a cada 200 segundos e um par de estrelas de nêutrons fundidas a cada 15 segundos", que os cientistas não estão captando.

© Foto / Twitter / @ESOIlustração do buraco negro
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Ilustração do buraco negro

Uma equipe de astrônomos da Universidade de Monash, liderada por Rory Smith, desenvolveu por essa razão um método para captar a presença desses eventos fracos, que até hoje têm passado despercebidos, sem ter que detectar cada um individualmente.

O método poderia permitir olhar para mais de 8 bilhões de anos-luz além do que os astrônomos estão conseguindo observar atualmente.

Em um artigo recentemente publicado pela Real Sociedade de Astronomia (Reino Unido) e analisado em 18 de junho pelo portal científico Phys.com, a equipe apresenta o método, explicando como medirão as propriedades dos eventos de fundo de ondas gravitacionais oriundos de milhões de fusões de buracos negros não identificados.

"Isto nos dará uma visão de como era o Universo primitivo, ao mesmo tempo que nos fornecerá dados sobre sua evolução", acrescentou o cientista, citado pelo Phys.com.

Método ambicioso

As fusões de buracos negros binários liberam enormes quantidades de energia na forma de ondas gravitacionais, e hoje estão sendo detectadas rotineiramente pela rede avançada LIGO-Virgo.

Segundo Eric Thrane, coautor do estudo, essas ondas gravitacionais geradas pelas fusões binárias individuais "carregam informações sobre o espaço-tempo e a matéria nuclear nos ambientes mais extremos do Universo".

"As observações individuais de ondas gravitacionais traçam a evolução de estrelas, aglomerados de estrelas e galáxias", observou o cientista.

"Ao juntarmos informações de muitos eventos de fusão, podemos começar a entender os ambientes em que as estrelas vivem e evoluem, e o que causa seu eventual destino como buracos negros", acrescentou Thrane.

O astrônomo referiu ainda que quanto mais longe conseguirmos detectar as ondas gravitacionais causadas pelas fusões, mais jovem seria o Universo quando elas se formaram.

"Poderíamos assim traçar a evolução das estrelas e galáxias ao longo do tempo cósmico, até quando o Universo era uma [pequena] fração de sua idade atual", concluiu Thrane.

A grande maioria das fusões binárias compactas produz ondas gravitacionais demasiado fracas para produzir detecções inequívocas, por isso, grandes quantidades de informação são atualmente perdidas pelos observatórios.

O novo método proposto permitiria resolver esse problema e está sendo testado pelos sistemas LIGO e Virgo de detecção de ondas gravitacionais, devendo ficar totalmente operacional dentro de alguns anos.

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