No futuro poderá ser possível não simplesmente desinfetar, mas matar coronavírus e patógenos presentes em superfícies com a ajuda de luzes ultravioletas (UV) de alta intensidade, segundo uma pesquisa conjunta conduzida pela Universidade da Pensilvânia e Universidade de Minnesota, dos EUA, bem como pela Universidade Tohoku e Universidade de Tóquio, do Japão, e publicada na segunda-feira (1º) na revista Nature.
Cientistas norte-americanos e japoneses dizem ter desenvolvido "diodos [semicondutores] emissores de luz UV de alto desempenho, que permitiriam criar dispositivos pessoais, portáteis, duráveis, energeticamente eficientes e não nocivos para o ambiente destinados a eliminar o novo coronavírus".
Which wavelengths of UV light are best for killing coronaviruses to disinfect surfaces?
— Penn State (@penn_state) June 2, 2020
An interdisciplinary team of Penn State researchers has been awarded seed-grant funding to find out. https://t.co/PO5kT77OuN pic.twitter.com/UQA5uBi7f6
Que comprimentos de onda da luz ultravioleta são melhores para matar coronavírus e desinfetar superfícies? Uma equipe interdisciplinar de pesquisadores do estado da Pensilvânia foi premiada com capital semente [pré-financiamento de projetos empresariais] para descobrir isso.
Segundo o comunicado da Universidade da Pensilvânia, os pesquisadores chegaram à conclusão que o niobato de estrôncio seria "o material que pode mudar o jogo". Os cientistas pediram aos seus colegas japoneses que obtivessem filmes de niobato de estrôncio e obtiveram bons resultados com ele.
O projeto reuniu US$ 90 mil (R$ 468 mil) para determinar as condições de intensidade de luz ultravioleta e tempo de exposição ao vírus, cujos testes serão realizados no laboratório de Biossegurança Nível 2 do Parque Estadual da Pensilvânia.
Aplicação prática
Além disso, a equipe irá aplicar os resultados em modelos computacionais para ajustar seu uso em diferentes lugares, evitando que os patógenos se espalhem pelo ar e dentro dos edifícios.
"Embora nossa primeira motivação no desenvolvimento de condutores transparentes de UV fosse desenvolver uma solução econômica para a desinfecção da água, agora percebemos que essa descoberta inovadora oferece uma solução potencial para desativar a COVID-19 em aerossóis que podem ser distribuídos nos sistemas de climatização [...] dos edifícios", explica um dos pesquisadores, Joseph Roth, doutorando em ciência e engenharia de materiais na Universidade da Pensilvânia.
Os dispositivos que emitem luz ultravioleta já conseguem fazer esse trabalho, mas são muito caros, requerem um nível de emissão elevado (de 200 a 300 nanômetros) para matar os vírus, utilizam lâmpadas de descarga que contêm mercúrio, são volumosos, duram pouco e requerem uma grande quantidade de energia para funcionar, impedindo seu uso maciço contra o SARS-CoV-2, explica a equipe.
Assim, se tiver sucesso, este método promete um meio econômico e maciço de eliminação de vírus e patógenos em superfícies, algo particularmente importante durante a atual pandemia.