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Petroleiros protestam contra demissões em fábrica da Petrobras e indicam greve

© Sputnik / Solon NetoManifestação em frente à sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, contra mudanças na estatal
Manifestação em frente à sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, contra mudanças na estatal - Sputnik Brasil
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Petroleiros de diversas partes do Brasil realizaram mobilizações ontem para protestar contra a desativação de uma unidade subsidiária da Petrobras no Paraná, medida que deve deixar cerca de mil trabalhadores sem emprego.

Os atos da última sexta-feira foram comandados pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), tendo como gatilho a decisão da atual diretoria da Petrobras de colocar em hibernação uma fábrica de fertilizantes localizada na cidade de Araucária, a Araucária Nitrogenados (Ansa/Fafen-PR), onde cerca de 2 mil manifestantes se reuniram para protestar.

Segundo os organizadores, além dos trabalhadores da unidade, participaram do protesto funcionários de uma refinaria vizinha, sindicalistas, representantes de movimentos sociais, estudantes e alguns políticos. 

​A Petrobras decidiu desativar a fábrica paranaense após encerrar tentativas de vender a unidade, que, segundo a estatal, vem apresentando vários prejuízos desde sua aquisição, há cerca de sete anos. A FUP, no entanto, afirma que, além dos mil empregos que serão afetados diretamente por essa decisão, ao menos outros 2 mil postos de trabalho ficarão ameaçados nos setores de comércio e serviços de Araucária e de municípios próximos, gerando grande impacto na economia regional.

"Cálculos do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (Ineep) apontam que somente o município de Araucária, onde está instalada a Ansa/Fafen-PR, vai sofrer impacto negativo de R$ 75 milhões anuais com a demissão dos trabalhadores e a perda de suas rendas. A perda se estende também aos cofres do governo do estado do Paraná, que pode deixar de recolher cerca de R$ 50 milhões em ICMS", afirmou a federação por meio de nota. 

De acordo com Gerson Castellano, diretor da FUP, ele e os demais representantes da categoria entendem que a alternativa que resta no momento atual é a de reação contra essas medidas anunciadas pela Petrobras, que poderiam se estender para outros ramos da empresa e também do serviço público nacional de maneira mais geral.

"Essa greve nossa é para parar esse processo", disse ele em entrevista à Sputnik Brasil, mencionando uma possível paralisação no próximo dia 1, que ainda deverá ser confirmada em assembleias.

Para o petroleiro, o posicionamento adotado pela estatal do setor petrolífero brasileiro ameaça iniciar um processo de desindustrialização acentuada no país, deixando o Brasil como um mero exportador de commodities.  

"Uma vez que ela [Petrobras] destine em seu plano que ela vai sair da área de refino, que ela quer vender, podem, muito bem, essas empresas, que querem comprar aqui, comprarem as refinarias ou dutos e não operarem as refinarias. Simplesmente, [podem] importar todos os derivados e usarem apenas como depósito ou usar os dutos, usar o mercado apenas, sem produzir internamente", explica.

Castellano argumenta que, ao fechar a unidade de Araucária, o Brasil ficará 100% dependente de importações:

"A gente vai exportar óleo e importar derivados", resume. "Nós vamos ficar a mercê de qualquer instabilidade geopolítica mundial."

Segundo o diretor da FUP, apesar de algumas mudanças negativas já realizadas na Petrobras, atualmente, o Brasil ainda tem uma pequena margem para absorver as oscilações internacionais no setor do petróleo, mas isso pode acabar em breve.

"O que a gente tem na mão? A gente tem óleo, nós temos refinaria, a gente tem fertilizantes, a gente tem pulmão para poder absorver essas oscilações. Acabando refinaria, acabando fertilizante, acabando tudo, você não vai ter mais, você vai estar sujeito aos preços internacionais de forma clara." 

​Apesar de todas as reclamações e protestos por parte dos petroleiros, Gerson Castellano conta que, até agora, a categoria não conseguiu negociar com as autoridades do setor.

"Infelizmente, nós vivemos um momento de trevas aí em relação ao diálogo. Ele é necessário. Nós entendemos que, às vezes, existem pontos que não tem como a gente convergir e isso foi uma tônica em todos os governos. Mas, infelizmente, neste governo, não tem nenhum ponto em que a gente consegue convergir. E ele é extremamente reativo a dialogar com o movimento sindical, com os trabalhadores. Então, a gente não deslumbra melhora nesse cenário."

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