Bolsonaro editou dois decretos em maio sobre porte e posse de armas de fogo e uso de munições. O direito ao porte é a autorização para transportar a arma fora de casa. É diferente da posse, que só permite manter a arma dentro da própria residência.
O recuo do presidente ocorre após o pacote ser alvo de críticas pelo plenário do Senado que pediu a suspensão do texto. O parecer seguiu para análise da Câmara dos Deputados e continuan valendo até que a Câmara vote o tema e, eventualmente, aprove a suspensão dos decretos.
Para o coronel da reserva da Polícia Militar do Rio de janeiro e pesquisador em Segurança Pública da UERJ, Robson Rodrigues, a estratégia do presidente não pode ser considerado um recuo. Rodrigues acredita que a estratégia de Bolsonaro é "mandar uma mensagem para seu eleitor, principalmente aquele do núcleo duro que o elegeu baseando-se nas posturas mais firmes em relação à criminalidade".
"Esse voltar atrás é relativo. Ele está basicamente esgotando os meios ao colocar em xeque o Congresso, mostrando que quem 'atrapalha' em sentidos objetivos são os parlamentares", diz o professor em entrevista à Sputnik Brasil.
Robson é cético quanto às possibilidades de aprovação de um projeto de lei com o teor apresentado nos decretos iniciais. Ainda assim, o ex-militar avalia que liberar mais armas nas ruas possivelmente terá efeito reverso no combate à criminalidade e à violência.
"É transferir a responsabilidade [da segurança] para o cidadão, que não tem aparato técnico e preparação emocional para lidar com esse caldeirão de violência que vivenciamos. Resolver esse problema armando a população é passar em cima da forma mais séria e responsável para lidar com a violência, que é melhorar a segurança pública, investir nas polícias e em investigação para tentar controlar a chegada de armamentos que possibilitam esses traumas diários que a população vivencia", critica.
No final da tarde de ontem, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni foi pessoalmente até o Congresso com um projeto de lei para discutir a questão. Ele afirmou que o governo não recuou de flexibilizar o porte e que vai acompanhar a tramitação do projeto.
“No caminho do entendimento, acabamos de protocolizar um projeto de lei que trata do porte de arma para o cidadão, com regime de urgência constitucional. E temos o compromisso do presidente da Câmara de que, no prazo de 30 dias, ele será avaliado em comissões e irá ao plenário", disse Lorenzoni, citado pela Agência Brasil. Mais cedo, a CCJ do Senado decidiu aprovar o projeto que flexibiliza a porte de armas em zonas rurais.
Ao pressionar o botão "Publicar", você concorda expressamente com o processamento de dados da sua conta no Facebook para permitir que você comente notícias no nosso site usando essa conta. Você pode consultar a descrição detalhada do processo de processamento na Política de Privacidade.
Você pode cancelar seu consentimento removendo todos os comentários publicados.
Todos os comentários
Mostrar comentários novos (0)
em resposta a(Mostrar comentárioEsconder comentário)