Dez anos após tsunami gigante de Fukushima: por que Japão continua usando energia nuclear?

© REUTERS / Kim Kyung-Hoon Pessoa reza em homenagem às vítimas do desastre de Fukushima, em Iwaki, Japão, 11 de março de 2021
Pessoa reza em homenagem às vítimas do desastre de Fukushima, em Iwaki, Japão, 11 de março de 2021  - Sputnik Brasil, 1920, 11.03.2021
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Esta semana é marcada pelo 10º aniversário de um dos eventos mais traumáticos da história do Japão – o sismo e tsunami Tohoku, que devastou uma grande parte do leste do país asiático.

Por volta das 14h46 (02h46, do dia anterior em Brasília) de 11 de março de 2011, um terremoto de magnitude 9 na escala Richter atingiu a costa leste da ilha japonesa de Honshu. Em seguida, um tsunami de 40 metros de altura atingiu a costa nordeste, matando cerca de 16 mil pessoas e ameaçando com um grande desastre nuclear.

Na próxima semana, em 11 de março, marcaremos dez anos desde o terremoto e tsunami no Japão (Tohoku), um evento devastador e o maior terremoto desde o terremoto e tsunami M9.1 no norte de Sumatra em 2004.

Três reatores nucleares na usina de Fukushima Daiichi derreteram, sendo este acontecimento o pior desastre desta natureza desde Chernobyl em 1986. Imediatamente após o incidente, o governo japonês anunciou planos para eliminar a energia nuclear.

Japão está acostumado a terremotos: o que deu errado?

Jonathan Cobb, porta-voz da Associação Nuclear Mundial, explicou à Sputnik que "a indústria nuclear japonesa estava ciente dos riscos. Os reatores no Japão foram projetados para ser resistentes aos terremotos que acontecem na região. Onde a preparação falhou em Fukushima foi o fato de as fábricas terem subestimado a escala do tsunami, sendo o muro protetor não tão alto para proteger a usina. Isso foi uma falha não apenas em Fukushima Daiichi, mas em toda a costa nordeste, onde as defesas contra inundações e os planos de emergência se mostraram ineficazes contra o tsunami".

Cobb contou que o tsunami derrubou três geradores a diesel em Fukushima Daiichi, acrescentando que, "sem energia, os trabalhadores da usina não podiam operar os sistemas de resfriamento e foi isso que causou danos consideráveis aos reatores".

De acordo com a Agência de Segurança Nuclear e Industrial do Japão, 770 petabecquerels (PBq) de radioatividade foram liberados, correspondendo a 15% da radioatividade liberada por Chernobyl. Contudo, contrariamente ao terrível acontecimento na Ucrânia, onde centenas de trabalhadores e bombeiros foram expostos a altos níveis de radiação, em Fukushima não houve casos de síndrome aguda de radiação e nenhum funcionário morreu por exposição à radiação.

E a promessa do governo japonês de eliminar energia nuclear?

Primeiramente, Naoto Kan, o primeiro-ministro que fez essa promessa, renunciou em agosto de 2011, e o seu partido, o Partido Democrata do Japão, perdeu as eleições gerais do ano seguinte.

Por outro lado, o Japão não tem petróleo ou gás natural próprios, tendo também encerrado suas restantes minas de carvão.

Em 2016, o então primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, afirmou que o país, "com poucos recursos, não pode prescindir da energia nuclear para garantir a estabilidade do fornecimento de energia enquanto considera o que faz sentido no setor econômico e na questão das mudanças climáticas".

Porém, em setembro de 2019, em sua primeira entrevista coletiva após ser nomeado ministro do Meio Ambiente, Shinjiro Koizumi declarou que o Japão precisava se livrar da energia nuclear, acrescentando que "estaremos condenados se permitirmos que acidentes nucleares ocorram".

Quatro meses depois, no entanto, a COVID-19 chegou ao Japão, e, deste modo, os planos de Koizumi para acelerar o fechamento das usinas nucleares no país foram também colocados como segunda prioridade.

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