A Sociedade de Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais (SWIFT, na sigla em inglês) e o Instituto de Pesquisa de Moedas Digitais do Banco Central da China estabeleceram uma parceria com um capital de mais de US$ 12 milhões (R$ 64,97 milhões).
Analistas do país asiático começaram a abordar ativamente a possibilidade de a China se desconectar da SWIFT e fazer transações transfronteiriças em yuan através do Sistema de Pagamentos Interbancários Transfronteiriços (CIPS, na sigla em inglês) depois que o presidente norte-americano Donald Trump assinou a Lei de Autonomia de Hong Kong em julho de 2020, que ameaça impor sanções a várias autoridades e entidades financeiras chinesas.
Isso permitiria evitar problemas que surgissem do fato de o sistema ser controlado por agências financeiras dos EUA.
Apesar de muitos bancos centrais estarem atualmente tentando desenvolver suas próprias moedas digitais, até hoje nenhum deles conseguiu substituir completamente o dinheiro tradicional nos pagamentos feitos dentro dos países, por isso o uso internacional de moedas digitais ainda pertence a um futuro bastante distante, referiu Lu Suiqi, professor do Instituto de Economia da Universidade de Pequim, China, à Sputnik.
As moedas digitais "nada mais são do que uma nova forma de dinheiro convencional", disse o especialista.
Até agora, mais de 900 instituições financeiras de quase 100 mercados regionais na Ásia aderiram a esta ferramenta. No entanto, o CIPS ainda não pode substituir totalmente a SWIFT no comércio internacional.
Nova etapa em sistemas de pagamento
A China fez mais progressos do que outros países no desenvolvimento de sua própria moeda digital. Em termos de funcionalidade, o yuan digital se assemelha aos sistemas de pagamento móvel Alipay e WeChatPay, que são muito populares entre os chineses. Além disso, ele representa um análogo digital do yuan fiduciário, contendo todas as propriedades inerentes à moeda em espécie.
"O surgimento da moeda digital é apenas uma nova etapa na evolução do sistema de pagamento, uma inovação [...] E este sistema não pode ser separado da infraestrutura financeira tradicional, eles devem se complementar" na primeira etapa de desenvolvimento, adverte o acadêmico chinês.
No entanto, Suiqi admite que a moeda digital acabará por contribuir para a reforma de todo o sistema monetário, melhorando a eficiência dos mecanismos de pagamento.
Por que nova empresa é tão importante para Pequim?
No momento, a China precisa se integrar mais ao sistema financeiro global a fim de aumentar a internacionalização do yuan, pelo que a parceria com a SWIFT é um passo importante para Pequim.

Espera-se que a rede internacional de comunicações interbancárias seja proprietária de 55% das ações da nova entidade. O Centro de Compensação Estatal da China, por sua vez, terá 34% de participação na empresa, o CIPS – 5%, enquanto o Centro de Pesquisa de Moeda Digital do Banco Central da China e a Associação de Pagamentos e Compensação da China terão cada um 3% de participação.
A joint venture com a SWIFT permitirá à China fortalecer sua posição no sistema financeiro global, pois sua integração tornará difícil sujeitar o país a sanções financeiras, comentou Lu Suiqi. Se um Estado decidir punir Pequim, os efeitos colaterais dessa medida serão muito grandes para ele e para outros participantes do sistema financeiro global, o que é "a maior vantagem" para o país, afirma.
"[...] Quando estivermos mais ligados à SWIFT, então todos dependerão uns dos outros, e ninguém mais fará perguntas primitivas como 'quem impõe sanções a quem'".
"Queremos nos integrar ao sistema e fortalecer a cooperação, combinar concorrência e colaboração", aponta.
As opiniões expressas nesta matéria podem não necessariamente coincidir com as da redação da Sputnik
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