Rússia poderia aumentar seu papel no oceano Índico com 'partida' dos EUA, diz ex-almirante

© AFP 2023 / Tina SmoleSoldados de missão de manutenção da paz da União Africana patrulham em Merka, costa do sul da Somália, 19 de setembro de 2019
Soldados de missão de manutenção da paz da União Africana patrulham em Merka, costa do sul da Somália, 19 de setembro de 2019 - Sputnik Brasil
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A potencial saída de tropas norte-americanas da Somália poderia levar a problemas de combate a piratas, pelo que Moscou tem um papel a desempenhar na segurança da região, segundo militar do Sri Lanka.

A Rússia poderia assumir um papel mais ativo em garantir a segurança marítima no oceano Índico adjacente à Somália se os EUA retirarem suas tropas do país africano, apontou o almirante Ravindra Chandrasiri Wijegunaratne, ex-comandante do Estado-Maior de Defesa das Forças Armadas do Sri Lanka, e almirante reformado da Marinha cingalesa.

"A possível retirada das tropas dos EUA levantou preocupações na Somália. Mesmo um pequeno número de piratas é capaz de criar uma percepção de ameaça para toda a região do oceano Índico, em um ponto crítico de asfixia marítima [...]. Sinto que a Rússia também deveria tomar um papel ativo da Somália", disse Wijegunaratne à Sputnik.

Embora as forças internacionais tenham conseguido conter os ataques piratas somalianos nos últimos anos, a ameaça de pirataria no oceano Índico ainda existe, e o Sri Lanka está exposto a ela, disse o almirante reformado cingalês.

"A presença de forças navais multinacionais no golfo de Áden reduziu a incidência de ataques de pirataria, mas elas podem aumentar com a mudança do foco da marinha multinacional, pois eles vão mudar seu papel de 'antipirataria' mais para 'segurança regional'", acrescentou Wijegunaratne.

No início do mês, o presidente dos EUA, Donald Trump, ordenou a retirada de quase todas as tropas americanas da Somália. O Departamento de Defesa disse que algumas tropas poderiam ser realocadas para outras partes da África.

Rússia pode ajudar a manter a paz

A Rússia pode ajudar o Sri Lanka a manter a paz no oceano Índico em meio à escalada das tensões entre a China e a Índia, com quem tanto Colombo quanto Moscou mantêm boas relações, sugeriu o militar.

"A escalada do conflito China-Índia afeta não apenas o Sri Lanka, mas toda a região. Não se limitará à área de disputa, a região fronteiriça, mas terá impacto sobre o comércio global. Qualquer ruptura na cadeia global de abastecimento e energia resultará em repercussões econômicas globais que afetarão todos nós."

"A Rússia pode ajudar a política externa do Sri Lanka a manter o status de 'zona de paz' do oceano Índico dentro de uma clara estrutura legal e de segurança", disse.

O Sri Lanka está aderindo à política externa desalinhada e vê a importância de manter boas relações com a Índia e a China, seus principais parceiros comerciais, observou o almirante reformado cingalês.

"Ser neutro permite que o Sri Lanka tenha uma política externa muito mais flexível, como a Índia. A palavra 'neutralidade' veio a ser nossa política externa principalmente devido à tradicional mudança de política da Índia para um movimento desalinhado, pois era limitada em flexibilidade e ação ao lidar com a China, e quando não há blocos de poder claros como na Guerra Fria", comentou Ravindra Chandrasiri Wijegunaratne.

A Rússia, por sua vez, deve continuar seus esforços para mediar o conflito entre a Índia e a China, pois desfruta de uma abordagem equilibrada para manter as relações com os dois países, de acordo com o almirante.

Sri Lanka livre de bases militares estrangeiras

O Sri Lanka deve continuar se abstendo de hospedar quaisquer bases militares estrangeiras, pois precisa manter boas relações com todas as potências globais, especialmente a Índia, e ficar fora das tensões geopolíticas, referiu o ex-comandante do Estado-Maior de Defesa das Forças Armadas do Sri Lanka.

"O Sri Lanka é um destino turístico muito atraente. Queremos ser amigos de todos e não ter inimigos."

Ao longo dos anos, surgiram relatos de que os Estados Unidos poderiam estar procurando estabelecer uma base militar no Sri Lanka. Ao mesmo tempo, Washington acusou Pequim de tentar criar uma base militar no Porto de Hambantota, que Colombo alugou a Pequim por 99 anos após não conseguir pagar as dívidas. No entanto, as autoridades do Sri Lanka defenderam que o porto é utilizado apenas para fins comerciais.

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