Os ativistas liderados pelo estudante Joshua Wong, ex-secretário-geral do agora extinto partido Demosisto, disseram que o governo de Hong Kong monitorava os movimentos deles, que sabia da fuga e, deliberadamente, permitiu que os fugitivos só fossem detidos em águas chinesas para enfrentar punições mais duras, informou a CNN.
"Estou chocado e horrorizado quando o governo de Hong Kong claramente conspira com as autoridades chinesas para colocar os ativistas em perigo e em assuntos claramente dentro de sua jurisdição", disse Wong em uma declaração por escrito.
Em um comunicado de imprensa ontem (8), um grupo representando as famílias dos fugitivos acusou o governo de conspiração para entregar seus parentes à China e pediu a sua libertação imediata.
Um protesto do lado de fora da sede do Serviço Aéreo do Governo (GFS) foi logo controlado pela polícia que acusou os manifestantes de quebrar o protocolo contra o coronavírus.
Mas a imprensa também levantou dúvidas sobre a ação do governo durante a tentativa fuga do dia 23 de agosto.
O jornal local Apple Daily se baseou em dados de aplicativo de monitoramento de voos, como o FlightAware, para informar que pouco antes da saída da lancha da vila pesqueira de Pol Toi O, um avião do Serviço Aéreo do Governo (GFS) sobrevoou por quatro horas a mesma região. E, em seguida, a aeronave mudou de curso numa rota muito parecida com a da embarcação, a mesma divulgada pelo governo.
Além disso, o navio da Marinha chinesa abordou a lancha uma hora depois de o avião retornar à base. E, de acordo com o Serviço Aéreo do Governo, o Bombardier Challenger 605, usado no voo, é equipado para vigilância e fotografia aérea, além de ser apto para busca e resgate.
A maioria dos 12 fugitivos estava sob fiança ou respondia a processo por participação nos protestos do ano passado nesta região administrativa especial chinesa e ex-colônia britânica. Todos estão detidos na China e podem enfrentar processos com base em leis de segurança nacional.
Hong Kong tem seu próprio sistema judicial previsto para resguardar até 2047 a autonomia limitada da região e nele há proteções de direitos humanos.
Mas ano passado, Pequim impôs uma legislação que previa extradição e julgamento na China para quem desafiasse as leis do território. A reação veio com meses de protestos em massa.

Em junho de 2020, o governo chinês voltou à carga com uma lei de segurança nacional que criminaliza subversão, conspiração e tentativa de separação.
Carrie Lam, a chefe do executivo de Hong Kong, negou que o governo soubesse da fuga e que a monitorava. Ela disse que o grupo "escolheu fugir e que durante a tentativa ele entrou em jurisdição alheia e cometeu um crime. E é preciso enfrentar as consequências. É simples e direto assim".
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