De acordo com a agência, se uma ação militar possui apoio em Washington, o mesmo não acontece em Seul, dado o potencial destrutivo que um conflito militar teria na Península Coreana. Foi o que acabou sendo discutido entre o chefe do Estado-Maior dos EUA, general Joseph Dunford, e o chefe do Estado-Maior sul-coreano, general Lee Sun-jin.
Os dois países realizaram testes balísticos conjuntos horas após Pyongyang ter lançado com sucesso mais um míssil do modelo Hwasong-14. Foi uma iniciativa para demonstrar força, mas ainda é pouco provável que tal cenário leve a uma guerra a curto prazo na península, segundo especialistas.
“Infelizmente, não há opções politicamente palatáveis para serem perseguidas pela administração Trump. Eles provavelmente continuarão com sanções, incluindo sanções secundárias. Mas é altamente duvidoso que a pressão sozinha (mesmo uma campanha estratégica de estrangulamento, que alguns estão pedindo) terá sucesso em fazer Pyongyang fique de joelhos”, avaliou Ken Gause, especialista em Coreia do Norte e diretor de Relações Internacionais da corporação CNA.
Assim, restariam três opções a Washington: retomar a “paciência estratégica” adotada pelo governo Barack Obama; a opção militar com um ataque preventivo; ou o diálogo. Gause crê que a primeira opção é a mais provável, seguida da terceira quando a Coreia do Norte se tornar um estado reconhecidamente nuclear.
Entretanto, há o risco de algum incidente desencadear a segunda opção no meio do caminho, e os constantes lançamentos de mísseis por parte da Coreia do Norte – que neste ano já abortou um lançamento que atingiria a Rússia, e em outra ocasião chegou perto de atingir o território japonês – possui o potencial para deflagrar uma escalada militar na região.
O chefe do Pentágono, James Mattis, foi uma das autoridades a dizer recentemente que uma nova Guerra da Coreia – a primeira durou entre 1950 e 1953 e terminou em um armistício que perdura até hoje – levaria a uma perda de vidas sem precedentes. Assim, ele mesmo declarou que a via diplomática ainda é a mais segura para se buscar uma solução.
“Aviso severo”
A agência estatal norte-coreana KCNA divulgou um comunicado neste sábado (horário local) em que considerou bem sucedido o teste com o ICBM do país. O míssil voou por 47 minutos e 12 segundos, atingindo uma altitude máxima de 3.725 quilômetros e uma distância de 998 quilômetros, demonstrando as suas capacidades de reentrada, informou.
Além disso, o regime de Kim Jong-un destacou que esse foi mais um “aviso severo” aos Estados Unidos, a fim de dissuadir a Casa Branca a prosseguir com a sua política hostil contra o país asiático. O governo destacou que o programa nuclear é um bem nacional e que não é possível descontinuá-lo.
O tom do presidente norte-americano Donald Trump não foi muito diferente, ao afirmar mais uma vez que o país fará de tudo para garantir a sua segurança, agora ainda mais ameaçada depois de especialistas apontarem que a Coreia do Norte teria condições de lançar mísseis contra cidades contra Los Angeles e Denver – um avanço tecnológico mais rápido do que o estimado anteriormente.
Na península, a tendência é de um reforço do sistema de defesa antiaérea THAAD na Coreia do Sul, o que pode levar a novas queixas por parte da China, principal aliado da Coreia do Norte e nação preocupada com a possibilidade de ter tropas dos EUA próximas de suas fronteiras.
A escalada para uma guerra que envolva outras potências militares, como a própria China, é outra preocupação a ser considerada pelos EUA e seus aliados quando da discussão de respostas militares contra Pyongyang. Mais preocupante do que isso, porém, é o fato de que a janela para uma solução diplomática está “se fechando rapidamente”.
“A chave aqui é que a Coreia do Norte tem um segundo teste bem sucedido em menos de um mês. Se essa tendência se mantiver, eles poderiam estabelecer um ICBM aceitável e confiável antes do final do ano”, comentou Michael Elleman, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos dos EUA, à Agência Reuters.
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