No entanto, o ex-vice-ministro das Relações Exteriores da China, He Yafei, não descarta que há oportunidades para cooperação a longo prazo, apesar das diferenças de ideologia política entre as duas potências rivais, segundo o jornal South China Morning Post.
Novo presidente, velhas desconfianças
"Para a China, os EUA e a UE, todos nós devemos repensar quem somos e que papéis podemos desempenhar no futuro. Devemos começar agora. A inação é suicídio", declarou em um webinar organizado pelo Centro para a China e a Globalização (CCG, na sigla em inglês), com sede em Pequim, na quarta-feira (11).
Sendo um dos copresidentes do CCG, disse esperar que o relacionamento dos Estados Unidos com a Europa melhore, apesar da sua política externa continuar a ser afetada pela profunda divisão social provocada, e destacada, pela presidência de Donald Trump.
"Precisamos entender que o que Trump fez nos últimos quatro anos tem uma grande base social na América, que é impulsionada pelo populismo, antiglobalização e nacionalismo estreito”, reiterou. “Trump ganhou mais de 70 milhões de votos, então a base social está muito presente. Isso continuará a afetar a política externa americana", cita o artigo.

Contudo, a China e os EUA podem reiniciar um diálogo sobre uma série de questões, incluindo finanças, ciberespaço, saúde pública, reforma da Organização Mundial do Comércio, bem como discutir um mecanismo de gestão de crise entre os dois países no mar do Sul da China.
He Yafei afirmou que a China está disposta a cooperar plenamente com a UE para promover o crescimento econômico e o intercâmbio cultural, bem como para lidar com desafios globais como a proliferação nuclear e as mudanças climáticas.
Questões por resolver não tiram esperança à Europa… e do mundo
Wolfgang Ischinger, um diplomata alemão e presidente da Conferência de Segurança de Munique, concordou com a avaliação de He, dizendo que saudava a presidência de Biden, mas também alertou contra o excesso de euforia.
Tendo sido embaixador da Alemanha nos Estados Unidos, Ischinger disse esperar um estilo de diplomacia mais cooperativo vindo do governo do futuro presidente, “mas os problemas, as questões subjacentes, não desaparecerão automaticamente”, cita o jornal.

Embora Biden ainda não tenha delineado totalmente sua estratégia para a China, ele prometeu ser duro com Pequim, tendo já convocado uma campanha internacional para "pressionar, isolar e punir a China". No entanto, os especialistas estão ansiosos por uma política mais estável e previsível em relação à crescente superpotência em comparação com a presidência de Trump.
É esperado que Joe Biden construa coalizões multinacionais e enfrente questões globais por meio do multilateralismo - um curso totalmente abandonado pela administração Trump. O presidente eleito também se comprometeu a regressar à Organização Mundial da Saúde e ao acordo de Paris, assim que assumir o cargo em janeiro.