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Forças Armadas e Lula: 'Militares precisam se adaptar ao novo mundo', diz oficial da reserva

© Foto / Palácio do Planalto / Ricardo Stuckert / CC BY 2.0Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante chegada ao almoço com o Alto-Comando do Exército. Brasília (DF), 19 de março de 2023
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante chegada ao almoço com o Alto-Comando do Exército. Brasília (DF), 19 de março de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 04.01.2024
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O segundo domingo do ano de 2023 poderia muito bem ser só mais um domingo, mas o que era quietude se tornou barulho. Eram pessoas tomando as sedes dos Três Poderes em Brasília, na capital brasileira.
Ações antidemocráticas tomaram os espaços. Depredações, pedidos de cancelamento das eleições. Tudo isso porque o candidato dessa parcela da população havia perdido o pleito presidencial de 2022.
A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva fez com que manifestantes antidemocráticos objetivassem a recontagem e o cancelamento dos votos que elegeram o ex-presidente para um terceiro mandato.
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Devido a suspeitas de envolvimento de militares no apoio às ações antidemocráticas, a relação do novo governo com as Forças Armadas foi posta em xeque. Brasil afora, políticos se mobilizaram para propor ações para mitigar o acontecido. Ações no Supremo Tribunal Federal (STF), declarações governistas e de parlamentares lotaram os noticiários.
À época, bolsonaristas radicais, autodeclarados patriotas, invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o STF e o Palácio do Planalto, sede da Presidência da República, em Brasília. Eles quebraram vidraças e móveis, depredaram obras de arte e objetos históricos, invadiram gabinetes de autoridades, rasgaram documentos e roubaram armas.
A facilidade com que os atos violentos se desenvolveram levantou uma série de questões. Entre elas: afinal, houve ou não houve leniência militar? Como ficou a relação do novo governo com os militares?
À Sputnik Brasil, um analista e oficial da reserva opinou que a relação não estremeceu e que a aparente politização dos últimos anos foi apenas uma ação de "liberdade de expressão", mas que só foi intitulada assim até o momento em que as incitações contra a democracia começaram a escalar.
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Relação governo × militares

À reportagem, Robinson Farinazzo, analista militar e oficial da reserva da Marinha do Brasil, garantiu que "o que impera [entre os militares] é a disciplina".
"Uma relação inteiramente institucional […] de foro íntimo, um ou outro [militar] pode ter votado no candidato que perdeu [Jair Bolsonaro], mas as Forças como um todo seguem o rito da institucionalidade", pontua o militar da reserva.
Questionado sobre a contribuição do ministro José Mucio (Defesa) para a missão de apaziguar a relação entre o governo e os militares, e qual foi o saldo positivo que ele deixou à frente do Ministério no ano passado, o militar crava que o chefe da pasta fez o possível.

"Ele fez o possível pra obter uma boa relação entre militares e governo, […] o que impera sempre é o rito institucional […]. Os comandantes de força […] vão determinar a matriz de trabalho e a tropa vai acabar seguindo […]. Não tenho dúvida que o ministro [Mucio] foi uma pessoa muito importante nesse sentido, pelo caráter, pela história dele, pela maneira como ele lida com esses assuntos", reforça à Sputnik.

Investimentos para relacionar

Só neste ano, com o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), o governo prevê recursos na casa dos R$ 53 bilhões para os militares. A promessa de investimentos feita tem sido eficaz para aproximar o governo das Forças Armadas, segundo reforça o analista da caserna. Ele destaca que governos petistas foram os que mais investiram nas Forças Armadas brasileiras.
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"A promessa de investimento é um fator bastante positivo […]. Seria interessante, lógico, se o governo pegasse mais aí pelo lado de estimular a defesa nacional, a compra de insumos militares no país e o fabrico desses materiais aqui", indaga.

O reservista pontuou, ainda, que a caserna precisa de um ar novo.

"O mundo está mudando e a maneira como o estabelecimento militar, não só do Brasil, mas da América Latina inteira, encara os fatos […] não é a mais adequada ao mundo […]; um mundo da multipolaridade. Os militares estão muito focados na unipolaridade e precisam se adaptar às novas circunstâncias", crava Farinazzo.

O 8 de janeiro e os militares

Indagado sobre o episódio do 8 de janeiro e se ele continua a influenciar a dinâmica entre o governo e as Forças Armadas, conforme destacado no pronunciamento de Natal do presidente Lula, Farinazzo afirma que por mais desairoso que seja, ele não representava o pensamento de toda a Força.
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"Muitos militares não concordaram com o que aconteceu ali […]. É necessário apurar a responsabilidade individual. [] Os militares que tiveram alguma ligação com isso, e que cada um seja responsável pelos seus atos", sublinha.

Pelo bem da democracia, para Farinazzo, os militares devem ficar de fora de decisões antidemocráticas e episódios como o 8 de janeiro não devem se repetir.
"Isso aí [atos antidemocráticos] não vai ter continuidade. Acredito que esse tipo de coisa não vai se repetir. […] A tropa segue o encadeamento histórico do país, que é no sentido da democracia, da busca de melhores dias e do acatamento ao resultado eleitoral", conclui.
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