ONU: temperatura global passa 2°C da média pré-industrial pela 1ª vez e segue aumentando

As ondas de calor que têm multiplicado internações e mortes, enchentes, secas e incêndios em diferentes partes do mundo chegaram a níveis inéditos, de acordo com estudo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), divulgado nesta segunda-feira (20).

O Relatório sobre a Lacuna de Emissões aponta que os compromissos atuais no âmbito do Acordo de Paris colocam o mundo no caminho para um aumento da temperatura de 2,5°C a 2,9°C até o fim do século. O dado é alarmante, visto que a meta anterior era conter o aumento da média global até preferencialmente 1,5ºC até o fim do século, previsto no Acordo de Paris.

Para se atingir o limite de 1,5ºC, seria necessário reduzir em 42% as emissões de gases de efeito estufa até 2030. Para o limite de 2ºC, a redução teria que ser de 28%. Mas as emissões globais aumentaram 1,2% de 2021 a 2022, atingindo novo recorde de 57,4 gigatoneladas de dióxido de carbono. Cada gigatonelada equivale a 1 bilhão de toneladas.

Até o início de outubro, foram registrados 86 dias com temperaturas com mais de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais (1850-1900). Setembro foi o mês mais quente já registrado, com temperaturas médias globais 1,8°C acima dos níveis pré-industriais.

Os padrões globais de desigualdade e os esforços de mitigação insuficientes contribuem para o aumento da temperatura muito além dos objetivos climáticos acordados durante este século, afirma o estudo.

Como as mudanças climáticas têm afetado o mundo?

À medida que secas, queimadas e enchentes vêm aumentando pelo planeta, a disposição política para resolver esses problemas na escala mundial caminha em marcha lenta.

O progresso de ações desde a assinatura do Acordo de Paris, em 2015, reduziu a lacuna de implementação, definida como a diferença entre as emissões projetadas no âmbito das políticas atuais e a implementação completa das NDCs (sigla que define as metas que cada país deve adotar até 2035).

Em 25 de setembro, nove países tinham apresentado NDCs novas ou atualizadas desde a COP27, em 2022, elevando o número total de NDCs atualizadas para 149.

As emissões de GEE (gases de efeito estufa) com base nas políticas em vigor, foram projetadas para serem reduzidas em 16% em 2030, no momento da adoção do Acordo de Paris. Hoje, o aumento projetado pela ONU é de 3%.

COP28 e o Balanço Global

O primeiro Balanço Global (GST, na sigla em inglês), a ser concluído na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023 (COP28), informará a próxima rodada de NDCs.

As negociações climáticas da COP28, a 28ª Conferência Anual sobre Mudanças Climáticas da ONU, que será realizada em Dubai de 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023.

A ambição global na próxima rodada de NDCs deve levar as emissões de GEE em 2035 a níveis compatíveis com trajetórias de 2°C e 1,5 °C, enquanto compensa o excesso de emissões até os níveis condizentes com estas trajetórias sejam alcançados.