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Como AUKUS divide a Ásia, para que serve e a que levará? Especialistas explicam

© AP Photo / Stefan RousseauO primeiro-ministro britânico Rishi Sunak, à direita, durante conversações bilaterais com o presidente norte-americano Joe Biden na base naval de Point Loma em San Diego, EUA, na segunda-feira, 13 de março de 2023, como parte do AUKUS, um pacto trilateral de segurança entre a Austrália, o Reino Unido e os EUA.
O primeiro-ministro britânico Rishi Sunak, à direita, durante conversações bilaterais com o presidente norte-americano Joe Biden na base naval de Point Loma em San Diego, EUA, na segunda-feira, 13 de março de 2023, como parte do AUKUS, um pacto trilateral de segurança entre a Austrália, o Reino Unido e os EUA. - Sputnik Brasil, 1920, 14.03.2023
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O presidente dos EUA e os primeiros-ministros britânico e australiano se reuniram na Califórnia para atualizar os princípios-chave e características da aliança trilateral de defesa AUKUS. A aliança planeja fornecer submarinos de propulsão nuclear para a Austrália, estabelecendo definitivamente a China como o inimigo potencial.
Embora os países-membros da aliança AUKUS (EUA, Austrália e Reino Unido), reunidos na segunda-feira (13), tenham afirmado não se concentrarem em nenhum adversário específico, a aliança é claramente, por sua estrutura e por comentários de suas nações integrantes, destinada a "dissuadir" a China na região do Indo-Pacífico.

Qual é o propósito do AUKUS?

A última vez que os EUA, a Austrália e o Reino Unido se uniram "para combater agressão no Pacífico" foi há mais de 70 anos, quando lutaram contra o Japão.
Em setembro de 2021, estes países designaram a China como seu principal inimigo na Ásia-Pacífico e começaram a formar ativamente uma aliança militar contra Pequim.
O pacto trilateral de cooperação de segurança AUKUS é mais conhecido por prever construir submarinos de propulsão nuclear para a Austrália usando tecnologia norte-americana e britânica.
O primeiro-ministro britânico Rishi Sunak, à direita, o presidente norte-americano Joe Biden e o primeiro-ministro da Austrália Anthony Albanese, à esquerda, reunidos na base naval de Point Loma em San Diego, EUA, em 13 de março de 2023, no quadro do AUKUS, o pacto trilateral de segurança entre a Austrália, o Reino Unido e os EUA. - Sputnik Brasil, 1920, 14.03.2023
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Qual é o preço que Austrália pagará por sua participação no AUKUS?

Segundo o Washington Post, o acordo, no valor de mais de US$ 67 bilhões (R$ 351 bilhões), pressupõe que submarinos norte-americanos da classe Virginia começarão a chegar à Austrália a partir de 2032, enquanto os submarinos britânicos SSN-AUKUS, projetados especificamente para a aliança, não chegarão ao continente australiano até os anos 2040.
A própria Austrália também deve ter permissão para construir SSN-AUKUS de propulsão nuclear, utilizando tecnologia dos EUA e do Reino Unido.
Para a adesão ao AUKUS, Camberra teve que romper um contrato de € 56 bilhões (R$ 314,3 bilhões) com a empresa francesa Naval Group que devia fornecer 12 submarinos de ataque da classe Barracuda.
A França chamou a decisão da Austrália de quebrar o acordo de "punhalada nas costas", mas não se decidiu a expressar abertamente seu descontentamento em face do novo mentor da aliança – os Estados Unidos.

Por que planos do AUKUS não agradam aos cidadãos australianos?

Os australianos estão preocupados com o futuro posicionamento de submarinos de propulsão nuclear ao largo da costa do país. Muitos acham que o acordo com os Estados Unidos e o Reino Unido representa um risco potencial para a soberania australiana, aponta o canal ABC.
Neste caso, os portos onde os submarinos nucleares ficarão baseados se tornarão alvos potenciais do inimigo, pois passarão de comerciais a militares, privando muitos australianos de seus negócios.
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Além disso, a Austrália vai enfrentar a questão de como os submarinos nucleares serão controlados? O que fazer com os resíduos nucleares e o descomissionamento dos submarinos nucleares?
As autoridades têm estado teimosamente silenciosas quanto a isso, o que só aumenta as preocupações dos australianos, observa o ABC.

Quem mais no mundo está preocupado com planos do AUKUS?

Além dos franceses, que perderam muito dinheiro, a Indonésia também expressou insatisfação com o surgimento de uma nova aliança militar na Ásia-Pacífico.
Anteriormente a edição Asia News Network relatou que a ministra das Relações Exteriores da Indonésia informou a sua homóloga australiana que Camberra deve tornar transparentes suas atividades no AUKUS e cumprir rigorosamente o Tratado de Não Proliferação Nuclear.
Caso contrário, a rivalidade entre a China e as potências ocidentais poderia se transformar em um conflito aberto que afetaria todos os países da região.
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A Rússia também vê riscos no fato de a Austrália ter uma frota movida a energia nuclear.
O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, lembrou que os EUA haviam explicado sua retirada do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário pela necessidade de compensar os esforços da Rússia e da China em desenvolver mísseis com um alcance alegadamente proibido pelo tratado.
Agora Washington insiste em implantar submarinos de propulsão nuclear na Austrália, ostensivamente para compensar a crescente capacidade naval da China. De acordo com Shoigu, tais ações visam diretamente solapar o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares e conduzirão a uma nova corrida armamentista nuclear.
Não surpreende que as críticas à aliança trilateral venham de Pequim, que considera a parceria EUA-Reino Unido-Austrália contra a China uma sobrevivência da Guerra Fria.
As autoridades chinesas acreditam que a participação da Austrália no AUKUS ameaça o país com grandes problemas nas relações com Pequim, que apenas começaram a melhorar após três anos de guerra comercial, escreve a revista Foreign Policy.
Pequim também lembra que o pacto AUKUS envolve o intercâmbio de informações e tecnologia entre os três países em áreas que vão desde inteligência e tecnologias quânticas até armas hipersônicas, o que torna a situação na região ainda mais explosiva.
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Segundo o analista militar russo Igor Korotchenko, a entrega dos submarinos nucleares está claramente ligada ao enfrentamento da China, que anunciou que pretende construir "o melhor Exército do mundo", e é também uma resposta demonstrativa às recentes decisões de Pequim de dar a Xi Jinping um mandato de fato ilimitado como presidente da China.
"A Austrália se torna assim um parceiro importante dos EUA e do Reino Unido na região da Ásia-Pacifico, juntamente com a Coreia do Sul e o Japão. Em outras palavras, estes são os primeiros passos em direção a uma frota de submarinos nucleares completa, adaptada para operações militares contra a China", afirma o especialista.
De fato, isso é uma "OTANização" da região da Ásia-Pacífico, que também envolve outros países, segundo ele. Até agora, a Índia tem tomado uma posição cautelosa. Embora tenha suas próprias situações de conflito com a China, ela não quer agravar as relações bilaterais.

"Se isto vai aumentar as tensões na região ainda é difícil dizer, já que não acontecerá antes dos anos 2030. E não estamos falando de armas nucleares, mas de sistemas de propulsão nuclear [...] Os submarinos com motor nuclear dariam à Marinha australiana muito mais poder estratégico, porque poderiam permanecer no mar por meses. Além disso, a Austrália também vai realizar vigilância eletrônica da frota chinesa. Portanto, não se trata apenas de submarinos, se trata de um confronto sistêmico com a China."

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