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EUA estão promovendo nova militarização do Japão para combater a China?

© AP Photo / Alex BrandonAntony Blinken, secretário de Estado dos EUA (à esquerda), e Fumio Kishida, primeiro-ministro do Japão (à direita), durante evento de assinatura de acordo de cooperação espacial na sede da agência espacial norte-americana NASA, Washington, EUA, 13 de janeiro de 2023
Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA (à esquerda), e Fumio Kishida, primeiro-ministro do Japão (à direita), durante evento de assinatura de acordo de cooperação espacial na sede da agência espacial norte-americana NASA, Washington, EUA, 13 de janeiro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 19.01.2023
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Analistas discutiram os recentes passos do Japão na área militar, que por um lado são ditados por um sentimento de insegurança, mas que também são usados pelos Estados Unidos como parte da política de contenção da China.
O Japão adotou no final de 2022 estratégias atualizadas de segurança nacional e de rearmamento, o que indica uma tendência para aumentar seu potencial militar, como apontado na quarta-feira (18) por Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia.
A ação é justificada pela descrição da China como o "principal desafio estratégico" e da Coreia do Norte como "uma ameaça ainda maior que antes", apesar de o Artigo 9 da Constituição do Japão de 1947 proibir para sempre a condução da guerra, criar forças terrestres, marítimas e aéreas, ter, permitir o transporte ou usar armas nucleares, ou outros meios de resolução de conflitos por via militar.
O especialista militar Vladimir Prokhvatilov vê a militarização planejada como bastante cara.
"O Japão está extremamente preocupado com a atividade da China perto das ilhas Senkaku, com a imprevisibilidade dos exercícios de mísseis da RPDC [República Popular Democrática da Coreia, ou Coreia do Norte] e com as tensões no Indo-Pacífico. Em geral, o crescente poder militar de um país faz com que seus vizinhos pensem que isto é por uma razão, e eles começam a fortalecer suas Forças Armadas, construir e modernizar suas próprias armas", avaliou ele em declarações à Sputnik.
"Isso também está ligado a um aumento no tamanho dos orçamentos de defesa devido ao aparecimento de novos sistemas de armas e tecnologias de quinta geração. O custo de produção de novas armas aumenta substancialmente: o alto custo de materiais, eletricidade, mais custos de transporte, salários dos desenvolvedores, funcionários, e muitas outras coisas. Ao mesmo tempo, é necessário dispor de equipamento obsoleto, o que significa uma gama completa de medidas e um item de despesas adicional."
Citando os gastos de US$ 2,3 trilhões (R$ 11,93 trilhões) dos EUA no Afeganistão ao longo de 20 anos, Prokhvatilov referiu as acrescidas despesas nas áreas cibernética e espacial, e também nos salários e financiamento dos militares, mesmo sem um aumento no número de efetivos. Isso, diz, tornaria Tóquio uma potência militar completa.
Militares da Força Aérea de Autodefesa do Japão na Base Aérea de Iruma, em Sayama, a noroeste de Tóquio, 28 de novembro de 2020 - Sputnik Brasil, 1920, 24.12.2022
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Dmitry Streltsov, chefe do Departamento de Estudos Orientais do Instituto de Relações Internacionais Estatal de Moscou (MGIMO, na sigla em russo), destacou a "altamente perigosa situação" em torno do país insular, na qual "as autoridades do Japão são obrigadas a ter em conta as ameaças que creem que veem de três direções: a China, Coreia do Norte e Rússia".
O acadêmico mencionou igualmente as atitudes atuais da população japonesa, que tem se virado cada vez mais em direção a um posicionamento duro em defesa dos interesses nacionais, e benéfico para a política governamental.
Quanto aos gastos atuais, ele os comparou aos da Coreia do Sul, França e Rússia, sendo que um aumento nos próximos cinco anos da sua proporção no PIB até 2% tornaria o Japão a terceira maior potência militar mundial. No entanto, ele referiu como obstáculo a dívida governamental atual do país, que supera 260% da economia.
A estratégia de segurança nacional prevê a possibilidade de executar "contra-ataques" contra o território de potenciais inimigos no caso de um ataque direto ao Japão, uma ameaça à sua existência devido a um ataque a um Estado amigável, ou por uma ausência de meios adequados para se proteger de um ataque.

OTAN chegou à Ásia?

O papel crescente do Japão é visível como parte dos exercícios RIMPAC, liderados pelos EUA, e cuja última edição decorreu entre 29 de junho e 4 de agosto de 2022. Como referiu Yuri Knutov, diretor do Museu de Defesa Antiaérea da Rússia, Japão integra ainda as alianças militares Quad e AUKUS, uma "OTAN asiática" informal da qual Washington também faz parte.

"A razão é óbvia: os EUA estão se preparando para um conflito sério com a China sobre Taiwan, antes de mais nada, por causa de sua localização estratégica. Taiwan permite à Marinha chinesa o livre acesso ao oceano Pacífico. Para os EUA e a OTAN, Taiwan é um elo fundamental na primeira linha de defesa no caso de um conflito militar com a China e o bloqueio de suas frotas militar e comercial", opinou à Sputnik.

"Mas globalmente, Taiwan é apenas uma desculpa para a escalada militar. A China tornou-se um poderoso concorrente dos EUA, portanto, a OTAN está agora designando a região da Ásia-Pacífico como sua esfera de influência, transformando o bloco militar transatlântico em uma estrutura global", disse Yuri Knutov, acrescentando que a estratégia dos Quad e AUKUS é feita por "subterfúgio" em vez de abertamente.
Navios da Força Marítima de Autodefesa do Japão e da Marinha da Índia navegam em formação com o HMAS Warramunga, da Marinha Real Australiana, e o destróier de mísseis guiado USS Barry (DDG 52) da classe Arleigh Burke, durante exercícios Malabar-2021 em 27 de agosto de 2021 - Sputnik Brasil, 1920, 14.01.2023
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Já Vasily Kashin, pesquisador sênior do Centro de Estudos Integrados Europeus e Internacionais da Universidade Nacional de Pesquisa-Escola Superior de Economia russa, afirmou à Sputnik que as forças dos EUA operarão do território japonês contra a Marinha da China no caso de um conflito militar com Pequim em torno de Taiwan, em cooperação com as Forças de Autodefesa do Japão.
"[...] Quando o Japão conduz exercícios militares para defender as ilhas periféricas, isso diz respeito principalmente às ilhas Senkaku. No entanto, esse cenário é idêntico ao da defesa de Taiwan", comentou ele.
Assim, os documentos e declarações oficiais de políticos japoneses referem-se à aliança EUA-Japão como a "pedra angular" da política de segurança do país.
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