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Mídia: generais das Forças Armadas do Brasil compartilham conteúdo de extrema direita no Twitter

© Folhapress / Gabriela BilóO presidente da República, Jair Bolsonaro, durante cerimônia em alusão ao Dia do Exército, com a Imposição da Ordem do Mérito Militar e da Medalha Exército Brasileiro, em Brasília (DF) (foto de arquivo)
O presidente da República, Jair Bolsonaro, durante cerimônia em alusão ao Dia do Exército, com a Imposição da Ordem do Mérito Militar e da Medalha Exército Brasileiro, em Brasília (DF) (foto de arquivo)
 - Sputnik Brasil, 1920, 05.07.2022
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Segundo pesquisa, 26 importantes militares do último grau hierárquico do Exército, Marinha e Aeronáutica têm com contas ativas na plataforma. Entretanto, de acordo com a Lei 6880 que define a ética militar, membros das Forças Armadas devem abster-se do uso das designações hierárquicas em atividades político-partidárias.
Um estudo desenvolvido pelo laboratório DATA_PS a pedido do jornal O Globo e divulgado hoje (5) elaborou um mapa ideológico do debate público no Twitter a partir das redes de perfis que são seguidos por políticos e militares na plataforma.
De acordo com o levantamento, membros do topo da hierarquia das Forças Armadas vivem "em uma bolha de extrema direita" na rede social e se encontram inseridos em uma rede de políticos bolsonaristas e influenciadores olavistas, segundo a pesquisa.
No estudo, o jornal relata que localizou 26 oficiais do último grau hierárquico, sendo a maioria de generais (23), com contas ativas na plataforma. Entre eles estão integrantes do governo Bolsonaro, como o vice-presidente Hamilton Mourão, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos.

"Os generais são significativamente alinhados a um lado específico da direita brasileira, com forte relação com o campo bolsonarista. Eles são, em geral, pouco seguidos, e seguem mais perfis bem à direita", disse o pesquisador e autor do levantamento Francisco Kerche citado pela mídia.

Baseado nos dados das contas desses generais, além de um universo de 668 políticos entre deputados, governadores, ministros e senadores, a pesquisa encontrou seis redes agrupadas por suas afinidades ideológicas. Dentre elas, três se destacam pela sua relevância na atuação nos debates na rede social.
A mídia escreve que na lista de usuários mais seguidos pelos oficiais estão perfis institucionais das Forças Armadas, ministros, veículos de imprensa e uma variedade de páginas com conteúdo de extrema direita.
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Nesse catálogo ideológico de maior interesse dos generais estão políticos que são figuras marcantes do bolsonarismo como os deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Carla Zambelli (PL-SP) e major Vitor Hugo (União-GO).
Também estão entre os canais preferidos dos generais contas dedicadas ao ideólogo Olavo de Carvalho. Influenciadores como Leandro Ruschel e Bárbara 'Te Atualizei', que chegaram a ser alvos de investigações do Supremo Tribunal Federal (STF) por propagarem fake news, também estão na lista diz o jornal.
Para o oficial da reserva e mestre em Ciências Militares, Marcelo Pimentel entrevistado pela mídia, militares têm o direito de se posicionarem individualmente, desde que na inatividade e sem se vincular à instituição. Entretanto, isso não está ocorrendo nessas contas, onde a maioria dos oficiais se apresentam com suas patentes de general, usam roupas fardadas ou outras referências militares.
"Isso afronta a Lei 6880, que define a ética militar, onde está determinado que os membros das Forças Armadas devem abster-se, na inatividade, do uso das designações hierárquicas em atividades político-partidárias e no exercício de cargos da administração pública", afirmou.
Segundo uma portaria publicada em julho de 2021 pelo Exército e citada pela mídia, a função militar somente pode ser associada a perfis em redes de publicação de currículos e atividades profissionais, tais como o Linkedin.
Especificamente sobre o Twitter, a portaria ressalta que o "ato de seguir ou curtir perfis" e postagens "é considerado um endosso" ou uma aprovação àquele conteúdo. "Sendo assim, é preciso muito critério nas ações de relacionamento nesta mídia social", completa o texto.
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Segundo o cientista político Mauricio Santoro, a instituição militar sempre foi envolvida com política no Brasil, desde a independência em 1822. Porém, ele afirma que até o golpe militar de 1964 havia uma "pluralidade" maior entre a tropa, com correntes mais liberais e outras mais conservadoras.
"Essa turma dos anos 1970 que se formou com Bolsonaro tem uma visão marcada pelo anticomunismo, pela Guerra Fria e de que os militares deveriam salvar politicamente o Brasil. Hoje, na vida pública brasileira, é nítida essa conexão da cúpula do governo com ideais da linha dura do regime", declarou.
O jornal relata que questionou o Exército se os generais estariam contrariando a regra impunemente, porém não obteve retorno.
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