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Educação nacional voltará ao normal em 2021?

© Folhapress / Rivaldo GomesSala de aula da Escola Estadual Antônio Vieira de Souza, em Guarulhos (SP)
Sala de aula da Escola Estadual Antônio Vieira de Souza, em Guarulhos (SP) - Sputnik Brasil
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Com o período letivo paralisado em grande parte do Brasil e a impossibilidade da universalização do ensino à distância, o setor da educação segue sendo um dos mais afetados pelo surto do novo coronavírus no país.

Em meio a esse cenário de desafios e incertezas, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) decidiu adiar para janeiro o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2020, mas, com a intensificação da pandemia, as novas datas também já começam a ser questionadas, dado que o Brasil ainda deve estar em um situação muito difícil daqui a um mês.

A COVID-19 no Brasil expôs uma série de consequências das diferenças socioeconômicas na educação. O ensino remoto usado em diversos países se mostrou falho por aqui devido às dificuldades de acesso a dispositivos e à Internet em grande parte do território nacional e, principalmente, nas camadas mais desfavorecidas da população. 

​Mesmo com algumas medidas paliativas adotadas por autoridades e instituições de ensino em um ou outro caso, 2020 foi, sem dúvidas, um ano extremamente crítico para os estudantes brasileiros. E, apesar do início da vacinação contra o novo coronavírus em alguns países e a expectativa de que isso ocorra no Brasil no próximo ano, dificilmente, em 2021, a situação da educação nacional voltará ao cenário pré-pandemia, como avalia o professor e pedagogo Ítalo Curcio, coordenador do curso de pedagogia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo.

"Nesse caso, pelo menos, até a metade do próximo ano, talvez ainda o ano todo, não devemos esperar o retorno à realidade vivenciada antes da pandemia. Eu, particularmente, penso que teremos ainda um ano muito difícil. Os pais sabem disso, os professores sabem disso e as escolas também. O esperado é que se tenha ainda um pouco mais de paciência e que evitemos os conflitos, independentemente de qualquer linha ideológica", afirma ele em entrevista à Sputnik Brasil.

De acordo com o especialista, há uma ideia clara entre os professores de que, na verdade, a realidade anterior ao surto da COVID-19 "não voltará mais". Isso porque muito do que se viu e se discutiu ao longo dos últimos meses no país "veio para ficar". E o ideal é que essa experiência seja aproveitada da melhor forma possível. 

"Vamos trabalhar em cumplicidade, para o bem de todos, família e escola."

Quanto às perdas do sistema de ensino e dos estudantes, Curcio acredita que "perdas efetivas" são apenas as mortes provocadas pelo vírus que varreu o globo ao longo de 2020. Quanto às aulas e conteúdos que ficaram incompletos por conta da pandemia, isso, segundo ele, poderá ser recuperado nos próximos anos, desde que se faça um planejamento "cuidadoso e específico". 

"É uma nova realidade. Os governos precisam compartilhar o problema com os especialistas da educação, para se promoverem ações que resultem na superação desse distanciamento. Devemos continuar pensando em métodos e estratégias para superação desse momento de crise", argumenta o professor, se dizendo "menos pessimista do que alguns anunciantes do caos". 

​Dada a singularidade do atual período, o pedagogo da Universidade Presbiteriana Mackenzie acha que "o tradicional, nem sempre, poderá ser adotado", inclusive no que diz respeito aos instrumentos de avaliação.

"Porém, mais uma vez, vale a criatividade e a experiência dos professores. Quem disse que as avaliações têm que ser provas escritas, aplicadas presencialmente, com vigilância, para que o aluno não cole, como se diz na linguagem popular? Eu mesmo alterei os meus instrumentos de avaliação junto aos meus alunos. E eu estou convicto de que fui bem sucedido. E os meus alunos também estão satisfeitos." 

Para Curcio, o Ministério da Educação, orientado pelo Conselho Nacional de Educação, tem tomado decisões "que estão sendo úteis para toda a nação". E, se todos continuarem trabalhando em conjunto, certamente, os resultados serão melhores. 

No caso de uma possível segunda onda, o especialista acredita que a estratégia a se adotar é não se abalar, seguindo com a cautela e pensando em aproveitar o aprendizado oriundo das adversidades enfrentadas por todos neste ano de 2020

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