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Especialista: Saab pode usar Brasil como 'maquiladora'

© Foto / Julio Nascimento/PRJair Bolsonaro, presidente do Brasil, participa da apresentação do primeiro caça F-39E Gripen da FAB na Base Aérea de Brasília, em 23 de outubro de 2020
Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, participa da apresentação do primeiro caça F-39E Gripen da FAB na Base Aérea de Brasília, em 23 de outubro de 2020 - Sputnik Brasil
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Em declarações à Sputnik Brasil, o especialista em assuntos militares Pedro Paulo Rezende comentou o suposto interesse da Saab em transformar o país em um hub da companhia sueca.

Na última sexta-feira (23), a fabricante sueca de aeronaves Saab apresentou em Brasília o primeiro dos 36 caças Gripen adquiridos pela Força Aérea Brasileira (FAB), que devem entrar em operação em meados do ano que vem. Ao todo, serão investidos cerca de R$ 25 bilhões nesse projeto. 

​Em entrevista ao jornal o Globo, o presidente da Saab, Micael Johansson, revelou o desejo de transformar o Brasil em um hub da companhia, para exportar seus produtos para outros países. 

"Eu quero transformar o Brasil em um hub para a Saab, junto com os parceiros brasileiros, para exportar para outros mercados. Isso pode ser o caça, como o Gripen, mas também outras coisas que gostaríamos de trabalhar com a indústria brasileira na área de defesa", disse Johansson, citado pelo jornal. 

​Atualmente, a empresa já possui parcerias no país com a Embraer, importante fabricante de aviões, com a AEL Sistemas, desenvolvedora de componentes eletrônicos, e com a AKAER, especializada no desenvolvimento de produtos de alta tecnologia para os mercados aeroespacial e de defesa, destaca a reportagem.

Em declarações à Sputnik Brasil, o especialista em assuntos militares Pedro Paulo Rezende comentou o interesse da Saab em transformar o país em um grande centro de produção e venda de seus produtos para outros mercados.

No que diz respeito aos caças Gripen, o analista avaliou possíveis mercados para essa eventual parceria e observou algumas dificuldades para uma possível exportação das aeronaves para outros países da região. 

"Na América Latina, apenas um país demonstrou interesse no Gripen E, a Argentina. Qual o problema? O avião possui componentes de origem britânica e, por causa disso, não pode ser exportado para a Argentina, em função do contencioso nas Ilhas Falkland / Malvinas", afirma.

A Colômbia, segundo Rezende, precisará, mais cedo ou mais tarde, renovar a sua frota de caças, dado que a "disponibilidade da Força Aérea Colombiana é de apenas 30%". No entanto, talvez, esse outro grande mercado regional também não tenha condições de adquirir caças do modelo que seria produzido no Brasil, como defendeu Johansson em entrevista ao Estadão. 

"A Colômbia tem noção das limitações econômicas que possui. É muito mais fácil vender a versão anterior do Gripen para a Colômbia, a versão C, do que a versão E, que é muito cara, com cada avião saindo acima de US$ 100 milhões [R$ 562 milhões]. Eu não acredito que a Colômbia tenha bala na agulha para adquirir o modelo que o Brasil e a Suécia adotaram." 

Apesar das possíveis dificuldades de se encontrar um comprador para novos caças Gripen na região, o especialista acredita que há, na América Latina, potencial de mercado para outros itens produzidos pela companhia sueca, como, por exemplo, o míssil antiaéreo RBS-70 e o sistema antitanque Carl Gustav. 

"A gente tem que levar em conta que o mercado latino-americano é um mercado muito limitado em função das recessões orçamentárias, a gente tem que pensar nisso."

Levando em consideração a atual relação entre o Brasil e a Saab, Rezende acredita que, do ponto de vista da empresa, o país poderá servir como uma "maquiladora para exportar para a América Latina". 

"Essa nacionalização foi feita em cima de estruturas. Ou seja, nós não estamos produzindo radar no Brasil — o radar, inclusive, pertence a outra empresa, a Leonardo, que é uma empresa italiana. A gente não está produzindo IRST, que é o sensor infravermelho e também é da Leonardo. A gente não fabrica o sistema de guerra eletrônica, que, no caso brasileiro, é israelense, e, no caso sueco, é alemão. E assim vai. Ou seja, a gente produz a casca. Então, você pode utilizar o Brasil como uma maquiladora para exportar para a América Latina. Sob o ponto de vista da Saab, seria mais ou menos isso."

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