Vacina russa contra COVID-19: simples, como tudo o que é genial

© Sputnik / Assessoria de imprensa do RFPIProdução da primeira vacina do mundo contra COVID-19 na Rússia
Produção da primeira vacina do mundo contra COVID-19 na Rússia - Sputnik Brasil
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Médico russo explica particularidades da vacina Sputnik V que a distinguem das outras.

Os doentes passaram a morrer com menos frequência, mas, mesmo assim, em casos graves, somos forçados a usar ventiladores. Em seguida, de seis a oito em cada dez pacientes morrem por conta de infecções hospitalares. Esses pacientes poderiam ter sido salvos com novos antibióticos, mas leva anos para os desenvolver.

Existe um outro caminho: impedir que as pessoas contraiam o coronavírus. O caminho é bom em todos os sentidos, pois a pessoa fica saudável e não poderá infectar outras. É que quanto mais pessoas resistentes à doença houver, mais espessa será a camada imune da sociedade, mais rápido a pandemia chegará ao fim.

Por enquanto, a resistência é formada só depois de a pessoa contrair a doença. Mas existe outra opção mais segura – é a imunização. Além disso, há uma vacina segura e eficaz, criada por especialistas do Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya. Na comunidade microbiológica isso é uma marca de qualidade que equivale a Mercedes na indústria automotiva.

Eu conheço Gintsburg [Aleksandr Gintsburg, diretor do Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya] e Logunov [Denis Logunov, vice-diretor de pesquisa do mesmo instituto]. Com eles e seus colaboradores nós estamos desenvolvendo novos métodos de combate a bactérias resistentes. Além disso, os cientistas desse instituto já criaram com sucesso vacinas contra ebola e MERS. E não só criaram, mas também elaboraram uma maneira segura e eficaz para sua criação – usando vetores. Um adenovírus, inofensivo para o ser humano, é equipado, como se fosse um foguete-portador, com um pedacinho de coronavírus, como se fosse a estação orbital. Ele é enviado para entrar no corpo humano. Em seguida, forma-se imunidade ao "foguete-portador" e à "estação orbital". Para consolidar o êxito, em três semanas a mesma "estação orbital" é lançada em outro "foguete-portador", outro adenovírus. Novamente, forma-se mais imunidade. Como resultado, é criada uma imunidade mais fraca ao adenovírus (pois o corpo já não precisa dele) e uma mais forte ao coronavírus, uma proteção imunitária estável e segura.

Simples, como tudo o que é genial. Mas ninguém, além de nossos mestres, chegou a pensar em tais possibilidades. No mundo estão sendo criadas várias vacinas de vetores, mas não com dois "foguetes-portadores"!

A vacina já foi testada em voluntários. Vale destacar que os primeiros voluntários eram todos funcionários do Centro Gamaleya. Eles, tal como os criadores de uma nova ponte, ficaram sob essa ponte que recebeu seu primeiro trem! Em seguida, a vacina foi testada em militares voluntários. Não houve nenhuma complicação, todo mundo obteve uma forte imunidade.

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Não é surpreendente que na mídia tenha passado uma onda de críticas. Desde mitos sobre tecnologias roubadas a pensamentos pseudocientíficos sobre o potencial agravamento do estado do paciente em caso de contração acidental do coronavírus na hora de formação de imunidade à vacina. O último argumento soa assustador: uma potenciação dependente de anticorpos (ADE, na sigla em inglês). Assustador, mas só para os não especialistas. Já os virologistas sabem que o efeito ADE foi registrado apenas no caso da dengue, mas sem nenhuma relação com a vacinação. Em outros casos, o efeito é sempre percebido no tubo de ensaio. Mas mesmo isso não é no caso de infecções virais.

E daí surge uma questão. Quem é que está financiando esta campanha na mídia? De quem dependem estes “especialistas independentes”? Segredo de Polichinelo: de fabricantes de outras vacinas que, por enquanto, ficaram atrás dos cientistas russos. Também de produtores de outros remédios antivirais, às vezes eficazes, mas só no tratamento de casos leves da doença, além de terem um grande número de efeitos secundários.

Nós, médicos que trabalhamos em prática clínica, temos vergonha de olhar para esta bagunça. Nós esperamos parar de atender pacientes com a COVID-19 para finalmente poder tratar de outras doenças, algo que, por enquanto, não podemos fazer por conta da pandemia.

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