A China já tomou vários passos para reforçar sua presença em Mianmar. Nomeadamente, abriu um escritório diplomático na nova capital de Mianmar, Naypyidaw (desde 2005), embora tradicionalmente, embaixadas estrangeiras estejam localizadas em Yangon — antiga capital. O novo escritório tem por objetivo preparar a transferência da embaixada chinesa da antiga capital para a nova, dando um exemplo para outros países.
Além disso, a China enviou ajuda humanitária urgente a Bangladesh para muçulmanos que fugiram de Mianmar. Os países ocidentais, entretanto, ainda não pretendem agir do mesmo modo.Tal atividade crescente de Pequim se deve ao fato da China ter muitos interesses econômicos e estratégicos em Mianmar. Além disso, ela não quer que a crise atual dos rohingyas a afete. Porém, há também forças externas que podem vir a usar a crise contra a China, acredita especialista em assuntos do Oriente e professor da Universidade Estatal de Moscou, Boris Volkhonsky.
De acordo com o especialista, Mianmar é uma via muito curta de transporte de energia e de outros recursos estratégicos do oceano Índico às províncias do sul da China, em primeiro lugar para Yunnan.
"Como vias de transporte se tornaram parte da grande política, há forças que não estão interessadas em que a China receba o caminho mais curto para o oceano Índico. São, antes de todos, os EUA, pois eles são o principal adversário econômico e geopolítico da China", explicou o professor em entrevista à Sputnik China.
É por esta razão que os adversários da China estão interessados em criar uma situação de tensões e caos controlado em Mianmar.
O especialista também sublinhou que a derrota do Daesh na Síria e Iraque pode obrigar os militantes restantes a procurar outro lugar para suas atividades. Mianmar é um destes lugares possíveis, além do Iêmen. Nas Filipinas e Indonésia, frisa Volkhonsky, tais grupos já existem.
Pequim está muito preocupada com a possibilidade de grupos terroristas, inclusive Daesh, penetrarem do Sudeste Asiático nas áreas sudoestes do país, tais como na província de Yunnan, localizada na fronteira com Mianmar, segundo o jornal South China Morning Post.De acordo com um especialista em assuntos internacionais, que pediu anonimato, as preocupações indicadas são reais.
"A crise com os rohingyas continua crescendo, podendo levar a fusão de alguns extremistas locais com forças terroristas do Oriente Médio. Tudo isso lança um grande desafio ao Sudeste Asiático e à China, por isso é preciso tomar medidas preventivas", opinou.
Concluindo, o especialista frisou que a China acha muito importante preservar a paz e estabilidade em Mianmar, pois forças terroristas podem aproveitar a crise atual religiosa para afetar segurança não apenas em Mianmar, mas em todo o Sudeste Asiático, o que pode prejudicar também a China.
As opiniões expressas nesta matéria podem não necessariamente coincidir com as da redação da Sputnik
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