'Por tradição, cada presidente dos EUA escolhe para si o principal país-pária'

© AP Photo / Wong Maye-E, FileSoldado do Exército da Coreia do Norte
Soldado do Exército da Coreia do Norte - Sputnik Brasil
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Ao reforçar sua retórica beligerante em relação à Coreia do Norte, os EUA estão "fazendo o jogo" do líder Kim Jong-un, já que é vantajoso para Donald Trump que haja uma tensão na região, afirmou o acadêmico da Universidade de Economia da Rússia Plekhanov, Aleksandr Perendzhiev.

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Mais cedo nesta sexta-feira (17), o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, afirmou durante sua viagem asiática que Washington não descarta a possibilidade de um "confronto militar" com Pyongyang, caso a Coreia do Norte continue ameaçando a Coreia do Sul e as tropas americanas lá instaladas.

"Neste caso, os EUA continuam se assemelhando à própria Coreia do Norte, bem como ao próprio Kim Jong-un, e até, em algum sentido, fazendo o jogo deles. Já que ultimamente o líder norte-coreano, após cada lançamento de mísseis balísticos, tem afirmado que Pyongyang destruiria os EUA logo que estes se atrevessem a responder.E quando ele começa fazendo tais declarações? Quando começam os exercícios navais e terrestres conjuntos dos EUA e Coreia do Sul, sendo que outros países aliados também se podem juntar a eles", explicou o especialista.

"A situação se limita ao fato de que antes, no governo Obama, os EUA não faziam um jogo tão evidentemente favorável a Pyongyang e agora, com a administração atual, esta retórica se tornou mais beligerante. Por quê? Porque Trump anunciou planos de fazer grandes investimentos em potencial nuclear, de instalar o sistema antimíssil na Coreia do Sul, de aumentar as forças navais e assim por adiante", continuou Perendzhiev.

Segundo ele, "Trump precisa da carta norte-coreana para justificar o aumento das despesas militares". "Nas condições de hoje, ele viu sua utilidade", observou.

Ao mesmo tempo, ele indicou que a postura dos EUA em relação à Coreia do Norte não mudou sob administração de Trump, já que anteriormente Washington também não descartava a solução militar do problema nuclear na península coreana. Neste aspecto, frisou Perendzhiev, há outro fator "tradicional" na abordagem americana.

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"Cada presidente dos EUA, se pode dizer assim, escolhe para si um país ou um líder pária para acusá-lo de alguma coisa. Antes, eles se dedicaram a Kadhafi [ex-presidente da Líbia], a Mubarak [ex-presidente egípcio] e depois foi Assad. Mas, segundo entendi, o tema de Assad, de forma lenta e complicada, começou se movendo para segundo plano, ele já não é novidade. Entretanto, Trump precisa de um objeto de crítica "fresco", e aqui tem o Irã e a Coreia do Norte. Ou seja, nada muda na política dos EUA, Trump apenas continua seguindo essa linha", assegurou.

Entretanto, o analista sublinhou que os EUA ainda estão definindo sua postura quanto à Coreia do Norte e eles ainda "não afirmaram de modo claro que planejam usar precisamente a variante militar nas relações com a Coreia do Norte".

"Já houve uma declaração da parte americana, aliás, acerca de a Rússia e a China deverem determinar sua posição quanto à Coreia do Norte e que Washington está aguardando por este sinal. E, pelos vistos, Moscou e Pequim terão mesmo que responder de modo definitivo, só neste caso é que os EUA vão tomar uma decisão. Se não houver uma resposta precisa nossa, alguma reação quanto à Coreia do Norte, se houver silêncio por parte dos dois países-líderes da região, acredito que os EUA se podem encher de coragem e se envolverem em um conflito militar aberto com a Coreia do Norte", resumiu.

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