O diplomata australiano afirmou que os esforços da coalizão não são destinados contra o regime de Bashar Assad e acrescentou que as suas ações correspondem ao direito internacional. Por isso, segundo o embaixador, a operação russa na Síria se tornou uma surpresa para os países ocidentais e ainda gera dúvidas.
“A Rússia realiza as suas operações de reconhecimento na Síria, tem laços duradouros com este país e também com o Irã e o Iraque. Se a Rússia conseguir encontrar os alvos do Estado Islâmico que não conseguimos determinar, será ótimo. Prestaremos a isso o nosso pleno apoio. Todos nós estamos lutando contra o Estado Islâmico. Todavia, agora tendo em conta os fatos que temos, os alvos da Rússia não são o Estado Islâmico. Se calhar, estamos completamente enganados”, disse Myler.
A Rússia reiteradamente apelou para um diálogo político de regularização na Síria e se manifestou a favor de diálogo com toda a oposição síria inclusive o Exército Livre da Síria pedindo ao Reino Unido e aos Estados Unidos para ajudar estabelecer contatos necessários. Mais cedo, a Rússia apresentou no Conselho de Segurança da ONU uma resolução sobre o combate contra o terrorismo e o Estado Islâmico em particular. Entretanto segundo o ministro de Relações Exteriores russo Sergei Lavrov os países ocidentais se recusam a discutir uma hipótese de criar uma coalizão contra o Estado Islâmico desistindo da cooperação devido a motivos políticos.
“Se começarmos perceber e estarmos seguros que os alvos da Rússia são o Estado Islâmico, acho que o assunto de coordenação mais estreita será mais importante e atraente. Assim, se calhar, começaremos a trabalhar em uma só direção. Considero que precisamos ver mais evidências do que o alvo da Rússia é o Estado Islâmico. Quanto mais coordenação temos tanto melhor é e para atingir isso precisamos restaurar confiança”, sublinhou o diplomata.
Além disso, o embaixador australiano esclareceu porque a coalizão sob a liderança dos EUA se recusa a trocar informações com Moscou sobre localizações dos terroristas.
“Agora um grande número de países participa da operação liderada pelos EUA, fazemos muitos esforços e gastamos muito tempo para encontrar os alvos do Estado Islâmico. Quando temos uma visão clara de onde se localizam os terroristas, enviamos ali as suas forças porque neste caso partimos das nossas próprias regras de realizar a operação, cálculos de risco inclusive em relação ao número de vítimas civis e etc.”, frisou o Myler.
O diplomata acrescentou que a coalizão internacional não precisa de aviões russos para atacar o Estado Islâmico.
Além disso, os navios da Frota do Mar Cáspio lançaram 26 mísseis de cruzeiro contra os territórios controlados pelos jihadistas. A precisão de ataque é de cerca de 5 metros. Os alvos dos ataques são estabelecidos com base nos dados de reconhecimento russo, sírio, iraquiano e iraniano.
O embaixador sírio na Rússia, Riad Haddad, confirmou que as missões aéreas são realizadas contra organizações terroristas armadas, e não contra grupos da oposição política ou civis.
Segundo os dados do Estado-Maior russo, os militantes do EI sofrem danos significativos e mudam de tática espalhando as suas tropas e escondendo-se em povoações. Na linha de contato com as forças governamentais sírias, eles perderam a maior parte das munições e material bélico e uma série de grupos que fazem parte do Estado Islâmico já são prontos a deixar a zona de hostilidades.
O presidente russo Vladimir Putin anteriormente confirmou que os prazos da operação aérea russa na Síria são limitados pela operação ofensiva dos militares sírios e excluiu a possibilidade de uso das Forças Armadas russas em operações militares terrestres.