Intervenção na Líbia: Sarkozy teria usado tropas francesas em interesses pessoais?

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Primavera Árabe protesta em Benghazi, Líbia - Sputnik Brasil
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Ultimamente, a mídia tem estado especialmente focada no ex-presidente francês, Nikolas Sarkozy, acusado de ter financiado ilegalmente sua campanha eleitoral vitoriosa com recursos da Líbia. Jornalista tunisiano e ex-funcionário da agência AFP, Yassen Zenati, comentou em entrevista à Sputnik que o caso tem tanto um aspeto jurídico como político.

Uma das questões principais do caso é se Nikolas Sarkozy deu luz verde à operação militar da França na Líbia para distrair a atenção do escândalo sobre sua campanha eleitoral, supostamente financiada pelo ex-líder líbio, Muammar Kadhafi.

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Yassen Zenati, ex-chefe do Departamento da África do Norte e Oriente Médio da agência AFP, uma das maiores do mundo, acredita que a história tem um aspeto jurídico — corrupção e financiamento irregular da campanha — e político, ou seja, os laços entre Sarkozy e as autoridades líbias.

Por enquanto, não há nenhumas provas que Sarkozy tenha autorizado a operação na Líbia para que ninguém soubesse sobre a suposta ajuda líbia, sublinha o jornalista.

É provável que a parte líbia tenha começado a chantagear Sarkozy antes de no país árabe se ter iniciado a "primavera árabe", que acabou virando uma guerra contra o regime no país, opina Zenati, ressaltando que esta versão ainda tem muitas coisas que precisam de ser verificadas e provadas.

"Caso a hipótese seja verdadeira, isso significa que o líder francês enviou as tropas do país à Líbia por motivos exclusivamente pessoais, o que é uma acusação muito grave", destacou o analista à Sputnik França.

O que se sabe até o momento

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A investigação em relação à campanha de Sarkozy foi iniciada em 2013 após se desencadear um escândalo na mídia, seguido por uma declaração de Ziad Takieddine, mediador franco-líbio, que conhecia tanto Kadhafi como Sarkozy.

Segundo revelou Takieddine, ele teria trazido da Líbia três malas com dinheiro: uma mala com 1,5 milhão de euros (R$6,13 milhões) ele entregou ao chefe do gabinete de Sarkozy, Claude Guéant, a segunda mala com dois milhões de euros (R$8.18) era destinada ao próprio Sarkozy e a terceira mala, também com 1,5 milhão de euros, ele teria entregado aos dois políticos franceses ao mesmo tempo.

Sarkozy, por sua parte, nega ter recebido nada disso de Takieddine.

Mais tarde, o ex-diretor da inteligência líbia, Abdallah al Senoussi, afirmou que ele sabia do dinheiro entregado por Khadafi a Sarkozy. Ex-líder francês descarta esta afirmação também, argumentando que al Senoussi tinha sido acusado de cumplicidade em um ataque terrorista na Líbia, mentindo agora para se vingar.

A prova mais discutida recentemente são os registros do ex-primeiro-ministro da Líbia, Choukri Ghanem, que tomou nota de todas as conversas e somas. O político morreu em circunstâncias obscuras: afundou-se na Romênia ou na Hungria. As gravações acabaram nas mãos da justiça francesa, servindo de base para interrogar Sarkozy.

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Segundo o jornalista tunisiano, é tudo que se sabe até agora, mas podem aparecer novos detalhes.

Em particular, há mais uma testemunha muito importante a ser interrogada — Alexandre Djouhri, outro mediador entre a França e Kadhafi. Djouhri foi detido em Londres a pedido de Paris, que agora está exigindo sua extradição.

Quando o mediador for entregue à França e interrogado, poderão vir à tona novos detalhes deste caso muito confuso, "que se está tornando cada vez mais parecido com um romance policial", conclui Zenati.

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