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'Brasil não deve se alinhar com ninguém': economista analisa tour internacional de Bolsonaro

© REUTERS / Pierre Emmanuel DeletreeO presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia de entronização do imperador Naruhito, no Japão.
O presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia de entronização do imperador Naruhito, no Japão. - Sputnik Brasil
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Em viagem internacional que irá percorrer Ásia e Oriente Médio, o presidente Jair Bolsonaro tem a chance de afastar um "excessivo alinhamento com os EUA", avalia o economista Paulo Nogueira Batista Jr.

Ex-vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, Batista diz que as visitas internacionais de Bolsonaro têm a chance de mostrar que nenhum país será preterido por conta da relação do Brasil com Washington. 

"As relações com EUA têm que ser boas, elas são muito importantes para o Brasil, mas elas não podem ser de forma nenhuma de alinhamento. Porque isso prejudicaria a relação com outros países, notadamente com a China, que é nosso principal parceiro [comercial]", diz Nogueira à Sputnik Brasil.

Bolsonaro está nesta terça-feira (22) no Japão e ao longo da semana deverá visitar também China, Emirados Árabes Unidos, Qatar e Arábia Saudita. Em Tóquio, o presidente brasileiro participou da cerimônia de entronização do Imperador do Japão, Naruhito, e também teve agenda bilateral com o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky.

De Tóquio, Bolsonaro irá para Pequim, na China. Batista diz que a relação brasileira com a China passou por "ruídos desnecessários" e cita como exemplo negativo desse estremecimento a visita de Bolsonaro, ainda enquanto candidato, a Taiwan. Em março de 2018, o então presidenciável Bolsonaro esteve com seus filhos Carlos, Eduardo e Flávio em Taiwan. A China criticou a visita e considera a ilha um território rebelde. A visita de Bolsonaro também contrastou com a postura do Itamaraty, que reconhece a ilha como território chinês desde a década de 1970. 

O ex-dirigente do banco dos BRICS avalia que uma "postura mais pragmática" foi adotada no relacionamento com Pequim, como mostra a visita a China realizada pelo vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) e a futura agenda de Bolsonaro no país asiático. 

"O governo atual deu sinais de excessivo alinhamento com os EUA, a ponto de poder prejudicar a relação com a China. Então é importante que Bolsonaro vá agora a Pequim para desfazer essa impressão de que a relação do Brasil com os EUA será feita em detrimento de outros países importantes para nós", analisa.

Outro ponto que mostra uma postura mais pragmática, avalia Batista, é a mudança na promessa de campanha de Bolsonaro de transferir a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém. O economista diz que Bolsonaro pensou em "imitar" o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que transferiu sua embaixada para Jerusalém, mas recuou diante do risco de alienar importantes mercados comerciais do agronegócio brasileiro no Oriente Médio. 

Batista está lançando o livro "O Brasil não cabe no quintal de ninguém" sobre seu período no Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, e também como diretor-executivo no Fundo Monetário Internacional (FMI), e ressalta uma frase atribuída ao presidente francês Charles de Gaulle para analisar a diplomacia brasileira:

"Eu cito no livro uma frase do De Gaulle: 'As nações não têm amigos, têm interesses', e o Brasil tem que se pautar por isso, tem interesse na relação com a China, tem interesse na relação com os EUA, mas não vai se alinhar a ninguém."
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