Recusando vender petróleo por dólares, Venezuela enfraquece EUA e reforça China

© AP Photo / EyePressMoedas e notas de yuan chinês em torno de um dólar norte-americano
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Recentemente, foi relatado que as autoridades venezuelanas decidiram abrir mão da moeda estadunidense nas vendas do petróleo com o fim de minimizar o efeito nocivo das sanções da Casa Branca. O especialista em assuntos econômicos globais russo, Vasily Koltashov, conta ao que isso pode levar com efeitos sobre o bem-estar da economia americana.

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Hoje (14), a edição Wall Street Journal informou, citando suas fontes anônimas, que o governo venezuelano tinha recusado processar pagamentos pelo petróleo exportado em dólares — a moeda tradicional para tal tipo de procedimentos — e alegadamente já teria começado a receber transações em euros.

Embora esta decisão ainda não tenha sido formalmente anunciada por Caracas, tais relatos não podem deixar Washington indiferente. O serviço russo da Rádio Sputnik conversou com o chefe do Centro de Estudos Econômicos do Instituto de Globalização e Movimentos Sociais, Vasily Koltashov, sobre os potenciais efeitos que tais atividades poderão criar não só para o sistema financeiro estadunidense, mas também de todo o mundo.

"Podemos parabenizar a liderança venezuelana, pois ela tomou uma decisão que já há muito tempo tem estado pendente e virou um dos pioneiros nesse sentido, porque a recusa de pagamentos petrolíferos em dólares é o primeiro passo para descartar o uso do dólar em geral, não só para a Venezuela, mas para os outros países também. Esta deve ser uma notícia pouco agradável para os EUA, mas receio que nos últimos anos eles se tenham excedido, desatando uma guerra de sanções contra a Rússia e exercendo pressão contra vários países, inclusive latino-americanos", manifestou.

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Na opinião do especialista, tal política agressiva de Washington foi exatamente o motivo para que nos outros países surgisse a ideia de descartar o dólar como ferramenta de pagamentos internacionais. Além disso, Koltashov se mostra bem pessimista em relação à própria economia estadunidense, afirmando que "já não está em tal forma que tome posições de líder ou permita que os outros acreditem nela".

Nesse contexto, outra superpotência chega ao pódio, e esta é a China. Dado que ela tem virado um parceiro cada vez mais sólido da Venezuela, Caracas terá alegadamente planos para processar pagamentos não só em euros, mas também em yuanes. E isto, evidentemente, já faz o jogo do Pequim.

"Para a China, hoje em dia, é uma tarefa vital passar para o yuan no comércio exterior, ou seja, substituir o dólar pelo yuan, pois, primeiro, o mercado chinês atualmente é muito maior que o mercado estadunidense. Segundo, o yuan está precisando muito ser apoiado pelo comércio. A Venezuela, nesse caso, está ajudando as autoridades chinesas", explica Koltashov.

Para a iminente queda do dólar nessa situação contribui também, segundo sublinha o economista, o clima interno nos próprios EUA. Para ele, a ilusão sobre a economia norte-americana ter saído da crise e estar crescendo, existente em 2014, não tem nada a ver com a realidade.

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"Hoje em dia, não diria que a situação fosse a oposta, mas é, digamos, complicada. Está claro que os EUA não saíram nada da crise, Trump não pode conduzir nenhuma política econômica nova, está bloqueado, há crise política, incerteza na esfera de economia", assinala.

Koltashov frisa, porém, que a Venezuela não é o único país a ajudar Pequim a consolidar sua moeda no palco internacional, pois para se consolidar qualquer moeda precisa de um "suporte comercial", ou seja, transferências nacionais e, o que é ainda mais importante, internacionais. Isto, por sua vez, protege a moeda de uma possível desvalorização, sublinha o economista.

O especialista adianta que o BRICS também é um dos blocos importantes nesse sentido, afirmando, porém, que somente a Rússia atualmente tem o potencial real de ser um parceiro viável da China nessa situação concreta. Entretanto, o economista indica o Equador como potencial usuário do yuan nas vendas internacionais.

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