Cientistas explicam maior perigo da cepa britânica da COVID-19

© Folhapress / José LucenaProfissionais envolvidos no combate à pandemia da COVID-19 UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) recebem as primeiras doses da vacina CoronaVas na Cidade Universitária, na Universidade Federal do Rio de Janeiro
Profissionais envolvidos no combate à pandemia da COVID-19  UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) recebem as primeiras doses da vacina CoronaVas na Cidade Universitária, na Universidade Federal do Rio de Janeiro - Sputnik Brasil, 1920, 02.02.2021
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Cientistas da Suécia e Índia descreveram detalhadamente o caráter das mutações que distinguem a nova cepa britânica do vírus SARS-CoV-2 de sua cepa de Wuhan e também determinaram como estas mutações afetam a virulência do vírus, sua neutralização pelos anticorpos e eficácia das vacinas.

A cepa B.1.1.7, que foi sequenciada no Reino Unido em dezembro de 2020, tem 29 mutações relativamente à cepa de Wuhan.

Os pesquisadores, usando modelação computorizada, determinaram como mutações diferentes da cepa britânica afetam a velocidade de propagação e gravidade da infeção, bem como a replicação e patogênese do vírus, segundo estudo publicado no portal bioRxiv.

Para explicar a frequência invulgarmente alta de mutações que ocorrem na proteína S e domínio N-terminal os cientistas sugerem três explicações:

  1. Infeção prolongada pelo vírus de um paciente com sistema imunológico fraco permitiu ao vírus sofrer mutações com alta velocidade;
  2. As mutações de adaptação começaram ainda nos animais hospedeiros, foram transferidas ao ser humano por meio de transmissão zoonótica e continuaram no organismo do humano hospedeiro;
  3. Processo de seleção na estrutura do vírus sob pressão por parte dos anticorpos.

Os cientistas avaliaram a força das ligações de hidrogênio entre proteínas S do vírus e receptores ACE2 nas cepas de Wuhan e britânica. A análise da estabilidade do complexo proteico do vírus durante um longo período de tempo foi realizada usando o método da dinâmica molecular.

Os resultados da modelação mostraram que a estabilidade das ligações de hidrogênio na cepa britânica é mais alta. Além disso, sua proteína S forma mais ligações com receptores das células do hospedeiro e estas ligações permanecem durante um tempo mais longo.

A velocidade estimada de transmissão da cepa B.1.1.7 é 70% mais alta e a quantidade de reproduções é 0,4 maior de que na cepa de Wuhan.

O maior perigo, segundo os cientistas, é que o método de transcrição reversa seguida de reação em cadeia da polimerase (RT-PCR) pode não identificar o RNA da nova cepa. O antígeno S, alterado por mutações, pode lhe permitir evitar a neutralização por anticorpos e diminuir a eficácia das vacinas.

Ao mesmo tempo, a multiplicidade de mutações implica o enfraquecimento do vírus, o que, provavelmente, levaria a formas mais leves da doença, segundo cientistas.

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