O Brasil tem uma indústria de agrotóxicos que faturou US$ 12 bilhões em 2014 e lidera o consumo mundial destes defensivos agrícolas, afirma estudo da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).
"Essa não é uma posição desejável para nenhum país que se preocupa com saúde pública e meio ambiente. A gente sabe que essas substâncias na origem são agressivas à saúde humana porque são sintetizadas para eliminar pragas e doenças e muitas vezes atuam em mamíferos e outros organismos que não são alvos", disse Meirelles em entrevista à Sputnik Brasil.
Estas intoxicações causaram 863 mortes no período, indica o levantamento do Sinitox. A pesquisa defende, todavia, que este número pode ser muito maior já que pode existir uma subnotificação destas ocorrências.
"Existem muitos poucos dados sobre contaminação humana, contaminação ambiental. Isso é um fator problemático para gestores públicos e pesquisadores", afirma Meirelles, destacando a ausência de pesquisa sobre a qualidade da água potável e de alimentos processados e de origem animal.
O próprio Meirelles esteve envolvido em uma polêmica envolvendo os agrotóxicos enquanto atuava na Anvisa — órgão responsável por fazer a fiscalização toxicológica de novos defensivos agrícolas. Ele trabalhava desde 1999 na Anvisa quando denunciou, em 2012, que seis produtos haviam sido liberados sem as análises devidas. Meirelles encontrou até mesmo processos em que sua assinatura foi falsificada.
Após levar o caso ao público, pediu desligamento do órgão e voltou para a Fiocruz. O processo de investigação do incidente, contudo, nunca prosperou, afirma Meirelles. Para ele, o ambiente de fiscalização no Brasil é "bastante fragilizado" e enfrenta a pressão de lobbies poderosos."É incompreensível a gente utilizar no Brasil uma série de substâncias que estão proibidas na Europa — que também é uma grande produtora de alimentos. Mas ela tem uma tecnologia de produção que é diferentes da nossa".
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