Os Estados Unidos trabalharão com qualquer nação do mundo, desde que sirvam aos interesses americanos, independentemente do histórico de direitos humanos do país, disse o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo nesta quarta-feira.
"A política dessa administração é se envolver com outros governos, independentemente de seus históricos, se isso for ampliar os interesses dos EUA", disse Pompeo ao prefigurar o relatório anual do Departamento de Estado sobre práticas globais de direitos humanos. Ele acrescentou, no entanto, que o Departamento reconhece que os interesses americanos são mais bem servidos por nações que respeitam os direitos humanos.
Os laços estreitos do país com a Arábia Saudita são provavelmente o exemplo mais notável: o presidente Donald Trump assinou um enorme acordo de US$ 110 bilhões em armas com Riade logo no início do mandato presidencial. Não por acaso, Trump se apressou em defender a família real após o assassinato do jornalista dissidente saudita Jamal Khashoggi. A defesa dos direitos humanos, porém, é utilizada por Washington ao criticar a China, mirando o tratamento dispensado por Pequim à minoria uigur e aos problemas relativos à liberdade de expressão.
Historicamente, no entanto, a confissão pioneira de Pompeo não é tão revolucionária. Na verdade, é uma extensão lógica da chamada Mann Doctrine, formulada por Thomas Clifton Mann em uma conferência para todos os embaixadores dos EUA na América Latina em 1964. De acordo com essa doutrina da Guerra Fria, os EUA se abstinham de interferir em Estados presididos por ditadores, desde que eles servissem aos interesses econômicos americanos e não cooperassem com os comunistas.
"Ele anunciou que os países latino-americanos agora seriam julgados pela forma como promovem os interesses dos EUA, não os de seu próprio povo", diz Oliver Stone no livro de Peter Kuznick de 2012, "A História Não Contada dos Estados Unidos" sobre Mann.
O discurso de Mann porém, era secreto, enquanto o de Pompeo foi feito às claras.
Rússia é citada por Pompeo
O mesmo documento assinado por Pompeo acusa a Rússia de "severas restrições à liberdade religiosa" e "proibição do anonimato online". Agências de segurança nacional russas realizam um trabalho de repressão maciça contra o que considera "seitas autoritárias destrutivas".O grupo conhecido como Testemunhas de Jeová, cujo funcionamento no país foi proibido, é o mais recente exemplo desta postura. No que tange ao anonimato na internet, a lei russa obriga os cidadãos a fornecer o número de telefone celular para obter acesso a redes Wi-Fi públicas, mas não os impede de se engajar em comunicações anônimas nos sites correspondentes.
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