O alto funcionário chegou à cidade russa de Sochi para participar do anual Fórum de Investimentos da Rússia 2018, tomando parte de uma sessão plenária sobre o desenvolvimento das marcas locais e da imagem russa em mercados globais. Em uma conversa com a Sputnik Brasil, ele desvendou os mecanismos usados pela ONU para desenvolver, em particular, a produção nacional dos países latino-americanos e caribenhos.
Sputnik Brasil: Dado que o combate à pobreza é manifestado como um dos objetivos principais da UNIDO, como se efetuam esses tipos de projetos?Carlos E. Chanduvi-Suarez: Temos diferentes rumos de cooperação, mas a ideia principal é a industrialização. Ajudamos, por exemplo, as pequenas empresas a aumentarem sua capacidade de produção, faremos com que diferentes marcas sejam mais produtivas. Cooperamos, ademais, com governos e várias associações, ou seja, promovemos a ajuda técnica em diferentes níveis, inclusive regional e continental. […] Tivemos, por exemplo, um projeto de cooperação entre a Rússia e a América Latina. Assim, proporcionamos assistência ao setor privado, lhe garantimos algum tipo de plataforma, eles se encontram e começam a realizar algumas parcerias.
Assim, o especialista explicou que algumas iniciativas começam como um projeto em nível regional que, em sequência, reúne um grupo de países e lhes permite ir ao mercado global mais fortes e competitivos. Entre as áreas envolvidas estão as tecnologias digitais, os agronegócios e a ecologia.
"Como trabalhamos? Recebemos finanças de diferentes fundos, alocadas por países doadores; ademais, existem algumas entidades internacionais para isso. Às vezes, nos empregam os próprios países e seus governos. Este conceito foi batizado como o ‘desenvolvimento industrial sustentável e global'. Deste modo, fazemos questão de aumentar a capacidade de produção, a justiça social e a segurança ecológica", continuou.
O colega de Chanduvi-Suarez que também estava presente no evento, diretor da representação da UNIDO na Rússia, Sergei Korotkov, especificou, além do mais, que hoje em dia também se toma em consideração a promoção da igualdade de gênero.
CCS: O nosso objetivo é cooperar com o governo, caso ele o queira. Nesta situação, recorremos a diferentes instrumentos e começamos a promover o desenvolvimento sustentável. O problema é que no Brasil isso acontece de modo ilegal. Em outro caso, poderíamos ajudar, mas essa já é outra situação.
Korotkov, colega russo de Chanduvi-Suarez pela UNIDO e que trabalhou no Brasil por muito anos e conhece bem a região latino-americana, pormenorizou como é que acontece:
"Devemos ajudar o governo. Por exemplo, quando um governo de algum país latino-americano nos pede para proporcionar algum tipo de ajuda técnica por parte da UNIDO, consideramos que fontes poderíamos envolver. Caso se trate de projetos ecológicos, existe o Fundo Econômico Global. Enquanto a UNIDO é operadora dele, criamos um projeto de documento e o colocamos em prática. […] Há também o Fundo de Desenvolvimento Industrial, que conta com doadores que pagam algumas parcelas voluntariamente. A Rússia é uma das doadoras, e através deste fundo pode alocar finanças para os projetos que a interessam, inclusive no campo ecológico."
Há alguns dias, a mídia relatou que a Venezuela, mergulhada em uma profunda crise econômica e política, foi temporariamente suspensa de votar na ONU por causa das suas dívidas acumuladas. Porém, de acordo com Chanduvi-Suarez, isto não impede que tais estruturas como a UNIDO continuem seu funcionamento no país.

S: Já faz muito tempo que a situação na Venezuela provoca preocupação da comunidade internacional, a aplicação de sanções graves, em particular. Será que isso mina em algum sentido os esforços da UNIDO?
CCS: Sim, há uma situação geopolítica muito complexa, mas, por exemplo, há pouco recebemos uma delegação do governo venezuelano, e não paramos de cooperar com eles, ajudar o seu agronegócio. O problema deles é a infraestrutura debilitada e a presença de sanções financeiras. Nós, por nossa vez, trabalhamos para que eles possam solidificar as cadeias de produção dentro do país no setor primário. Isto é paradoxal, pois têm tudo, mas não têm uma abordagem sistemática dentro do país.
S: Então a cooperação continua apesar das sanções?
CCS: Eles não estão sob sanções da ONU. São sanções particulares, enquanto a ONU, por enquanto, não tem nada contra a Venezuela no nível oficial. Alguns países querem… mas é problema deles.
Ao pressionar o botão "Publicar", você concorda expressamente com o processamento de dados da sua conta no Facebook para permitir que você comente notícias no nosso site usando essa conta. Você pode consultar a descrição detalhada do processo de processamento na Política de Privacidade.
Você pode cancelar seu consentimento removendo todos os comentários publicados.
Todos os comentários
Mostrar comentários novos (0)
em resposta a(Mostrar comentárioEsconder comentário)