Onde a administração Trump terá seu teste de resistência

© AFP 2023 / Jim WatsonDonald Trump, 21 de julho de 2016
Donald Trump, 21 de julho de 2016 - Sputnik Brasil
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Paolo Raimondi, economista e analista do jornal Il Sole 24 ore, contou à Sputnik Itália a sua opinião sobre os principais desafios que irá enfrentar o novo presidente dos EUA Donald Trump.

No final, todos, incluindo os analistas experientes, tiveram de admitir que Donald Trump ganhou porque colocou em primeiro plano na sua campanha a economia e a falta de emprego — as questões que preocupam a maioria dos americanos, as pessoas chamadas de "classe média". A mídia italiana também não percebeu que a maioria dos americanos está menos preocupada com a imigração, a política externa, guerras e terrorismo, e mais com o atual nível de vida no país.

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Em todas suas apresentações Trump reiterou que "atualmente 92 milhões de americanos vivem abaixo da linha de pobreza e não participam da nossa economia". Se a maioria dos eleitores acreditou nestes números, isso significa que as estatísticas oficiais, que elogiavam a recuperação econômica e o surgimento de novos postos de trabalho, não refletiam a situação real.

Foi exatamente por causa de sua posição sobre as questões económicas que Trump foi capaz de atrair a classe média para o seu lado e ganhar à elite. Agora só o tempo vai mostrar quais das suas promessas, feitas durante a campanha, Trump será capaz de executar.

Em seu discurso após a vitória, ele mencionou novamente sua intenção de "investir pelo menos um trilhão de dólares em infraestruturas". Está previsto o investimento de US $ 50 trilhões na área da energia. As taxas de juro vão subir no futuro, disse ele, por isso agora é o melhor momento para pedir um novo empréstimo para a construção de aeroportos, pontes, estradas, trens e assim por diante. Ele pretende usar empréstimos para aumentar a capacidade financeira das pessoas comuns. Sua política de investimento deve ser uma das iniciativas destinadas a criar 25 milhões de novos postos de trabalho durante os próximos 10 anos, com planos para manter uma taxa de crescimento anual de 3,5%. Para fazer isso, Trump quer reduzir em 15% a carga fiscal das empresas. Atualmente elas pagam 35%.

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O cumprimento dessas promessas será muito difícil. O novo presidente, que é um defensor do livre comércio, está convencido que a redução dos impostos levará automaticamente ao crescimento de postos de trabalho. No entanto, no passado muitos esquemas econômicos, com os quais contava o governo, não deram certo nem nos EUA nem na Europa.

Trump compreende que um défice da balança comercial totalizando 800 bilhões de dólares por ano não pode continuar a existir. Ele quer renegociar acordos de comércio com o México e Canadá e quebrar os acordos existentes com países da Ásia-Pacífico. Trump considera a China o principal "inimigo" econômico e está se preparando para impor sanções contra o país.

É importante notar que, durante sua campanha, Trump falou sobre a reintrodução da Lei Glass-Steagall, que proíbe os bancos comerciais realizar atividades de investimento. Bill Clinton revogou essa lei em 1998, abrindo caminho para a especulação bancária, o que no final levou à crise econômica de 2008 e à subsequente crise financeira em todo o mundo.

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Trump também disse que a Lei Dodd-Frank (lei sobre a reforma de Wall Street e defesa do consumidor) foi "uma catástrofe que paralisou as pequenas empresas e suas tentativas de obter empréstimos". Ele acredita que seria justo se Wall Street se sujeitasse a regras mais estritas.

Trump disse muitas coisas sobre economia. Resta aguardar os resultados. Mas podemos compreender em que direção seguirá a administração de Trump quando forem nomeados os ministros principais. Se, por exemplo, o chefe do ministério das finanças for um banqueiro, um dos funcionários da Goldman Sachs ou do JPMorgan Chase, será claro que novas medidas se vão seguir às promessas. Em qualquer caso, neste momento apenas existem promessas. Temos de recordar que falar e fazer são duas coisas diferentes.

Paolo Raimondi para a Sputnik Itália.

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