Especialista: Rússia está pronta para construir relações com os EUA, 'uma pena' que Biden não

O presidente russo Vladimir Putin, durante uma conferência de imprensa nesta quinta-feira (14), afirmou que a política imperial dos EUA é "contra os próprios interesses da América". Mas o que o líder político quis dizer exatamente com esta afirmação? A Sputnik explica.

Durante a conferência de imprensa anual, na qual tradicionalmente o presidente russo faz um balanço da situação da Rússia na arena internacional, Putin fez alguns destaques a respeito da relação entre a Rússia e os EUA e afirmou que a política imperial norte-americana atrapalha os próprios EUA.

A Sputnik convidou o pesquisador associado do Centro de Investigação e Análise Estratégica, dr. Marco Marsili, que atua em importantes instituições civis e militares em Portugal, Reino Unido e Itália, para analisar as palavras do presidente.

Segundo Marsili, Putin "reconheceu o papel dos Estados Unidos como potência global" o que, de certa forma, atribui a Washington a responsabilidade por inúmeras crises que não vão se resolver se não for pelo caminho do diálogo.

"[Vladimir Putin] sublinhou que o diálogo é fundamental para obter um equilíbrio sobre as principais questões. O imperialismo americano não é nada novo, é apenas a atitude dos EUA de agir como a única superpotência. Não vejo quaisquer mudanças na política externa da administração Biden e é uma pena, uma vez que o presidente Putin se abriu para o restabelecimento das relações", afirmou o especialista.

Para Marsili, a administração Biden deveria ter resgatado seu papel de protagonismo, com proposições que visassem a resolução dos desafios globais e não no acirramento de questões geopolíticas.

"Biden assume que os Estados Unidos são capazes de somar e resolver problemas globais sozinhos. Pelo contrário", afirmou.

Na opinião do pesquisador, "o presidente Putin conclui que as questões globais só podem ser resolvidas através da cooperação", assumindo a postura pró-multilateralismo que a Rússia tem demonstrado ao longo dos anos, resultando inclusive no desenvolvimento do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que reúne as maiores economias globais emergentes.