Jornalista explica por que os EUA não são inocentes na sabotagem do Nord Stream

Seymour Hersh, o jornalista norte-americano que expôs o envolvimento dos EUA no atentado ao gasoduto Nord Stream (Corrente do Norte), concedeu uma entrevista exclusiva para a emissora russa RT.

Falando para o programa "Going Underground", da emissora russa RT, Hersh abordou diversos assuntos em uma entrevista exclusiva que será divulgada na íntegra no próximo sábado (25).

Conforme adiantado pela RT, o vencedor do Prêmio Pulitzer de 1970 explicou por que não se pode acreditar nos EUA sobre sua inocência quanto à sabotagem dos gasodutos Nord Stream.

Após publicar uma reportagem que aponta o governo de Joe Biden, presidente dos EUA, como o principal autor da sabotagem aos gasodutos russos, Hersh garantiu que Biden "está escondendo a verdade sobre algo que autorizou".

O artigo confirmou as repetidas afirmações de Moscou de que os EUA realizaram o ataque para evitar a reaproximação entre a Rússia e a Alemanha, ao mesmo tempo em que tornavam Berlim dependente do gás natural liquefeito americano, mais caro.

Segundo o jornalista, desde o final de setembro do ano passado, estava claro que "era quase impossível" para a Ucrânia enfrentar a Rússia e vencer no campo de batalha.

"Essa é a realidade, independentemente do que a imprensa publica diariamente", disse. "As coisas estão indo muito mal para Kiev", enfatizou.

Hersh entende que "começou a haver preocupações de que a Europa Ocidental, e especialmente a Alemanha, não estivesse disposta a dar todo o seu apoio porque estava recebendo combustível da Rússia".

Em Washington "temiam que a Alemanha levantasse as sanções para voltar a receber gás", disse ele.

Ataque ao Nord Stream

Em 8 de fevereiro, o jornalista dos EUA Seymour Hersh publicou um artigo sobre o envolvimento de Washington na minagem dos gasodutos.

Ele escreveu que, sob cobertura dos exercícios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no verão europeu, mergulhadores americanos plantaram dispositivos explosivos que foram depois detonados pelos noruegueses.

No mesmo mês, a Sputnik Brasil mostrou a operação Baltops conduzida pelos EUA nas proximidades da ilha de Bornholm em junho, no local onde houve as explosões.

No dia 26 de setembro de 2022, a empresa Nord Stream 2 AG, operadora do gasoduto russo de mesmo nome, anunciou um vazamento de gás em um dos dois gasodutos na infraestrutura perto da ilha dinamarquesa de Bornholm devido a causas desconhecidas.

Posteriormente, descobriu-se que as duas linhas do gasoduto paralelo Nord Stream 1 também haviam sido danificadas. Alemanha, Dinamarca e Suécia não descartaram um ato de sabotagem.

O Serviço de Inteligência Exterior da Rússia classificou as explosões como ataques terroristas e em 30 de setembro revelou que tinha evidências que apontavam para o envolvimento de alguns países ocidentais.

Dados do site Flightradar24, que exibe informações em tempo real sobre o tráfego aéreo em todo o mundo, revelaram que no início de setembro helicópteros militares dos EUA sobrevoavam regularmente a área por horas, local onde ocorreu o incidente.