Basicamente a Ucrânia concordou com as exigências da Rússia de não entrar na OTAN, diz Medinsky

As negociações com a Ucrânia continuam, a posição da Rússia sobre a Crimeia e Donbass permanece inalterada, disse Vladimir Medinsky, chefe da delegação russa e assessor do presidente da Rússia.

"O trabalho está em curso, as negociações estão em curso. Quero enfatizar separadamente que a posição de princípio da nossa parte em relação à Crimeia e a Donbass permanece inalterada", afirmou ele ao canal de TV russo Rossiya 24.

Medinsky também disse que basicamente a Ucrânia concordou com as principais exigências da Rússia de não aderir à OTAN e não implantar bases militares estrangeiras.

Ele ressaltou que a Ucrânia transmitiu por escrito os princípios de um eventual futuro acordo, que prevê a recusa da adesão à OTAN, o estabelecimento do estatuto não alinhado da Ucrânia, a renúncia às armas nucleares e à posse, aquisição e desenvolvimento de outras armas de destruição em massa, bem como à implantação de bases militares e contingentes militares estrangeiros.

"Ou seja, a Ucrânia declarou a sua prontidão para cumprir os requisitos de princípio em que a Rússia tem insistido durante os últimos anos", afirmou Medinsky.

Segundo ele, se as exigências forem cumpridas, a ameaça de estabelecimento de uma base avançada da OTAN no território da Ucrânia será eliminada.

O chefe da delegação russa observou também que a Aliança Atlântica estava formando uma base avançada antirrussa no território ucraniano, ignorando durante anos as exigências de segurança da Rússia.

"Rússia propunha negociações, a celebração de acordos de vários tipos, que garantiriam tanto a segurança da Ucrânia quanto a proteção dos interesses nacionais da Rússia. Todas estas exigências foram ignoradas por anos, e da Ucrânia, mais precisamente do território ucraniano, a OTAN também durante anos esteve criando uma base avançada antirrussa", declarou Medinsky.

Assessor do presidente russo disse também que a Rússia foi forçada a iniciar uma operação na Ucrânia, pois há evidências irrefutáveis da preparação por Kiev de uma ofensiva em Donbass.

"Há evidências irrefutáveis de que Kiev planejava lançar em um futuro próximo uma ofensiva contra Donbass, e então em qualquer caso a Rússia teria que defender dezenas e dezenas de milhares de nossos cidadãos russos que vivem lá. Nestas circunstâncias, a Rússia foi obrigada a lançar uma operação militar especial", afirmou.

Nesta terça-feira (29) foram realizadas negociações presenciais em Istambul, na Turquia, entre as delegações russa e ucraniana. No final das conversações Medinsky disse que a Rússia recebeu por escrito as propostas da Ucrânia para um acordo entre as partes. Ele acrescentou que, depois de analisar essas iniciativas, Moscou apresentará suas contrapropostas.

Ele revelou ainda que a Rússia dá "dois passos na desescalada do conflito", esclarecendo que esses passos incluem uma parte política e uma militar.

No âmbito militar, o passo significa a redução radical da atividade militar nas direções de Kiev e Chernigov. No âmbito político, trata-se da possibilidade da reunião entre Putin e Zelensky.