'Cúmulo do cinismo': diplomata russo acusa EUA de tentarem enganar o mundo sobre causas da tensão

As acusações infundadas contra a Rússia são uma tentativa de enganar a comunidade mundial sobre as verdadeiras causas das atuais tensões globais, disse à Sputnik Gennady Gatilov, representante permanente da Rússia junto da ONU e de outras organizações internacionais em Genebra.

"No que se refere à histeria antirussa desencadeada pelo Ocidente, principalmente pelos países anglo-saxônicos, no contexto da Ucrânia, de fato, nos últimos meses ela atingiu proporções tão abomináveis que até as autoridades de Kiev ficaram perplexas", disse Gatilov.

"Paradoxalmente, a implantação e as manobras das tropas russas no seu próprio território estão sendo interpretadas como 'uma ameaça à paz e à segurança internacionais'", acrescentou.

Gatilov qualificou isso não só como "uma ingerência inadmissível nos assuntos soberanos", mas também "uma tentativa de enganar a comunidade internacional sobre as verdadeiras causas das atuais tensões globais".

Para o diplomata russo, "é o cúmulo do cinismo" o fato de os EUA, "tendo o recorde de gastos anuais em defesa e em quantidade de bases militares localizadas fora do seu território", fazerem acusações sem qualquer fundamento sobre uma suposta ameaça militar por parte da Rússia.

De acordo com Gatilov, "o mito de uma agressão russa contra a Ucrânia é conveniente tanto em termos políticos como comerciais", porque justifica o rearmamento e o aumento do orçamento militar.

"Nossa grande preocupação é que os EUA e seus aliados estejam escalando a situação a tal ponto, que o jogo de levantar a parada possa se transformar em uma verdadeira tragédia cujos responsáveis serão aqueles que nos impuseram este perigoso jogo, a nós e em grande parte à comunidade internacional", concluiu Gatilov.

Os EUA e seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) acusam a Rússia de preparar uma suposta invasão da Ucrânia devido à movimentação de tropas russas perto da fronteira com o país vizinho.

Moscou nega as acusações e ressalta suas próprias preocupações com o envio de armas e militares da OTAN para as proximidades das fronteiras russas.