O prazo para a escolha dos candidatos pelos partidos, assim como a deliberação das coligações, terminou na quarta-feira (16), e vigia desde 31 de agosto. Agora, os partidos têm até o dia 26 de setembro para solicitarem à Justiça Eleitoral o registro das candidaturas para o 1º turno das eleições - marcado para o dia 15 de novembro após adiamento devido à pandemia da COVID-19.
Em torno do pleito continua a expectativa sobre a polarização política que tomou conta do país nas eleições de 2018, entre o Partido dos Trabalhadores (PT) e os apoiadores do atual presidente, Jair Bolsonaro. O cientista político Alberto Carlos Almeida alerta, porém, que a lógica das eleições municipais é diferente do que vige no plano nacional.
"O pleito municipal segue uma lógica municipal e não representa uma avaliação do governo federal, nunca é assim, nunca foi assim e nunca será assim [...]. O eleitorado decide conforme os temas municipais, ele não vota conforme os temas nacionais, tradicionalmente é assim na eleição para prefeito", afirma o Alberto Carlos Almeida em entrevista à Sputnik Brasil.
"As forças que estão mais próximas do governo federal têm mais recursos, têm algum tipo de mobilização política no âmbito do governo federal, algum tipo de conversa, algum tipo de mobilização de recursos. E aí há alguns alinhamentos sim", salienta.
Almeida dá o exemplo da capital pernambucana, Recife, onde ele enxerga que há duas candidaturas fortes, sendo uma do PT, com Marília Arraes, e outra "bolsonarista" do Podemos, com Patrícia Domingos. Para ele, mesmo em uma eventual disputa entre essas candidaturas, as questões locais devem se sobressair na escolha dos eleitores.
"A definição em Recife vai ser uma definição que diz respeito à disputa local de Recife, a elementos locais, ainda que o resultado final possa ser interpretado como algo que foi além do local", avalia.
Para Almeida, o apoio do ex-presidente Lula ou de Bolsonaro pode impulsionar candidaturas em algumas situações, porém, seguindo a lógica municipal, não será o mais importante nas disputas locais.
"E claro que o apoio de um Bolsonaro ou de um Lula pode ajudar um candidato a ter mais visibilidade naquele município no momento em que o apoiam, mas não é determinante para ganhar. Ajuda, é algum tipo de ajuda. E Bolsonaro irá ajudar mais no Sul e no Sudeste, e Lula irá ajudar mais no Nordeste e em algumas regiões do Sudeste - em regiões mais pobres no Sudeste o Lula ajuda mais, em regiões menos pobres, o Bolsonaro ajuda mais", conclui.