- Sputnik Brasil
Notícias do Brasil
Notícias sobre política, economia e sociedade do Brasil. Entrevistas e análises de especialistas sobre assuntos que importam ao país.

Bolsonaro tentará espalhar direita ultraconservadora a toda América Latina se ganhar?

© REUTERS / Diego VaraCandidato à presidência brasileira, Jair Bolsonaro, no estado de Rio Grande do Sul, em 29 de agosto de 2018
Candidato à presidência brasileira, Jair Bolsonaro, no estado de Rio Grande do Sul, em 29 de agosto de 2018 - Sputnik Brasil
Nos siga no
As eleições de 7 de outubro no Brasil estão longe de frear a polarização política que o país está atravessando: provavelmente, o abismo entre os principais candidatos ainda se aprofundará. Vença quem vencer, este candidato evidentemente não terá um caminho livre de obstáculos para governar o país nos próximos quatro anos.

Em uma entrevista à Sputnik Mundo, o pleito que conduzirá quase 150 milhões de brasileiros amanhã e, provavelmente, em 28 de outubro, foi analisado por Esteban Actis, doutor em Relações Internacionais e professor da Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, especializado em assuntos brasileiros.

Jair Bolsonaro, candidato à Presidência do Brasil, participa de um comício perto de Brasília, em 5 de setembro de 2018 - Sputnik Brasil
Como será relação russa com Brasil caso Bolsonaro seja presidente?
"No Brasil, depois de 20 anos, é a primeira vez que a luta pela presidência não se dará entre o PT e o PSDB. Ou seja, entre uma esquerda e uma direita moderadas", observou o especialista. "Por trás da figura de Bolsonaro há o ressurgimento de uma direita tradicionalista e ultraconservadora, que no Brasil tem possibilidades efetivas de alcançar a presidência pela primeira vez desde a redemocratização", acrescentou.

De acordo com as pesquisas de hoje, é quase certo que nenhum dos candidatos recolherá votos suficientes para ganhar no primeiro turno.

"Claramente, a polarização entre esses dois candidatos vai se aprofundar. Temos que ver como eles conseguirão apoio por parte dos outros partidos, por exemplo, do PSDB ou do PMDB, ao qual [o presidente] Michel Temer pertence. Pequenos partidos ou forças importantes com pouca representação terão que definir seu apoio", afirmou o analista.

Enquanto isso, no domingo também se define a composição de boa parte do Congresso (dois terços da câmara alta e toda a câmara baixa). Tudo isso acontece em meio a um sistema político brasileiro em alto nível de fragmentação, com um número efetivo de partidos bem acima da média — uma situação que continuará mesmo após as eleições.

"Espera-se um parlamento hiperfragmentado. Por isso, aquele que se tornar presidente — seja Haddad ou Bolsonaro — terá que realizar coalizões governamentais muito caras em termos políticos e econômicos para assegurar a governabilidade", explicou Actis.

O candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL) , durante um ato de campanha em Taquatinga-DF. - Sputnik Brasil
Le Figaro sobre Bolsonaro: 'Nunca brilhou a não ser por suas provocações'
Nestes cenários, as alianças que podem ser forjadas provavelmente serão fracas. Portanto, além de ver quantos votos Bolsonaro e Haddad recebem, é necessário olhar para o resultado das eleições parlamentares, sublinhou o interlocutor da Sputnik.

"Qualquer um que ganhar terá um grande desafio de poder pegar o touro pelos chifres e ter um governo com certa força política", adiantou.

Ao mesmo tempo, nesta "polarização profunda" das presidenciais devemos ver como reagem outros atores, como os mercados, que mostraram sinais de preferir Bolsonaro, "pois prometeu uma economia muito mais aberta que o PT".

Na América Latina, as eleições no Brasil têm impacto devido ao peso que o Brasil tem na região. De acordo com Actis, "claramente, os dois candidatos têm diferentes propostas de políticas de gestão" nesse aspeto.

No decorrer da campanha, Haddad fez referência a "uma política regional mais ativa, fortalecer o Mercosul e pensar em uma aliança estratégica com a Argentina".

Jair Bolsonaro - Sputnik Brasil
Será o fim do Brasil se o PT voltar ao poder, diz Bolsonaro à Rede Record
Bolsonaro, por sua vez, não propõe a região como foco da política externa, mas propõe "alguns bilateralismos centrais", particularmente com os EUA, Israel e Itália, países que têm em comum uma "variável religiosa".

De fato, o vice na chapa de Bolsonaro, general aposentado do exército Hamilton Mourão, se referiu depreciativamente aos países com os quais o Brasil tem mantido laços durante os anos do governo petista, o que deu um impulso muito forte à cooperação Sul-Sul e à aproximação à região e aos países emergentes.

"Bolsonaro vai tentar mostrar uma visão da política, da sociedade, da cultura e da economia, que é precisamente de uma direita muito mais conservadora como uma alternativa política possível não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina", supôs.

"Até agora, após a redemocratização da América Latina, nenhum candidato com esse perfil chegou à presidência, e me parece que Bolsonaro tentará internacionalizar sua liderança", explicou.

Feed de notícias
0
Para participar da discussão
inicie sessão ou cadastre-se
loader
Bate-papos
Заголовок открываемого материала