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Como será relação russa com Brasil caso Bolsonaro seja presidente?

© REUTERS / Adriano MachadoJair Bolsonaro, candidato à Presidência do Brasil, participa de um comício perto de Brasília, em 5 de setembro de 2018
Jair Bolsonaro, candidato à Presidência do Brasil, participa de um comício perto de Brasília, em 5 de setembro de 2018 - Sputnik Brasil
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Hoje (4), as futuras eleições presidenciais no Brasil, provavelmente ainda mais polarizadas que em 1989, foram objeto de discussão acalorada na base do clube Valdai, no centro de Moscou. A Sputnik visitou o evento e apresenta os principais enfoques da conferência.

O debate, sediado pelo clube de discussões Valdai, fundado em 2004 para promover um diálogo aberto entre políticos, especialistas e jornalistas de diversos campos, contou com a participação tanto de analistas e representantes de entidades públicas de ambos os lados, como de estudantes e correspondentes de mídias diferentes.

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Ao dar ímpeto à discussão, o diretor do Departamento da América Latina do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Aleksandr Schetinin, fez questão de sublinhar que ela não tem como objetivo intervir em assuntos internos do país ou fazer quaisquer avaliações precipitadas, mas em primeiro lugar refletir sobre o futuro da relação bilateral entre Moscou e Brasília.

"Queria evitar avaliações profundas de caráter político, […] hoje é uma data notável, pois ontem se celebraram 190 anos desde o estabelecimento das relações diplomáticas entre os nossos países. Na época, o imperador Nicolau I assinou uma diretiva sobre a nomeação do primeiro enviado russo para o Brasil […] e, a propósito, aí o Brasil virou o primeiro Estado na América Latina com o qual celebramos um relacionamento diplomático a nível formal", contou Schetinin.

O diplomata também frisou que a Rússia, por sua vez, se mostra engajada na cooperação bilateral, independentemente dos processos que decorrem dentro do país.

"Queria falar logo desde o início, e estabelecer nossa postura de forma bem clara: estamos interessados em um Brasil forte e independente, com alta responsabilidade global, com um papel construtivo e independente na arena internacional. E esse estatuto não depende, e não deve depender, da orientação do governo no poder", disse o alto representante, relembrando o apoio dado pelo lado russo às iniciativas brasileiras nos órgãos internacionais, como a de um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Aliás, no decorrer da discussão o diplomata observou que a tendência formada na interação bilateral russo-brasileira demonstra a continuidade na política externa, ou seja, o fator de continuidade sempre foi algo constante para o Brasil, independentemente dos regimes que se sucediam.

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"Grandes países [como o Brasil] têm constantes políticas que, de fato, são produto de um amplo acordo do povo e das elites. Acreditamos que há tais constantes no Brasil. Claro que há nuances estilísticas, digamos, e há algo que corresponde aos interesses do país", sublinhou.

Ao responder à pergunta da correspondente da Sputnik Brasil sobre factual ausência da agenda internacional nas pautas dos candidatos e se isso pode ser considerado como uma falha, a brasilianista e especialista em assuntos latino-americanos, professora titular da Universidade de Relações Internacionais de Moscou (MGIMO), Lyudmila Okuneva, sublinhou que esse é um traço bem caraterístico da realidade política brasileira.

"A coisa é que, por tradição, os assuntos da política internacional nas eleições brasileiras ficam no segundo plano. O único caso em que esses assuntos se discutiam de alguma maneira aconteceu durante as eleições de 2014, no segundo turno entre Dilma Rousseff e Aécio Neves, seu principal rival. Lá se levantavam as questões dos BRICS, portanto Neves os criticava e apelava para a saída do bloco […] Não vou dizer se isso é bom ou mau, isso é uma tradição para o Brasil", assegurou.

Em modestas reflexões sobre o processo eleitoral no Brasil, Aleksandr Schetinin manifestou que, em opinião dele, é útil se afastar da formada narrativa de polarização eleitoral entre a esquerda e direita e refletir inclusive sobre outros indicadores nas vésperas do pleito deste domingo.

"O Brasil é conhecido como um país de federalismo muito desenvolvido. Daí existirem grandes elites financeiro-econômicas que se formam na base de certas regiões e estados. Haddad, por exemplo, representa a chamada elite paulista, ou seja, provinda de São Paulo. Mas ainda há grupos cariocas e outros, o que também é um aspecto importante. E eu acho que esse fator será um dos mais significativos. Prestem também atenção não ao índice de apoio a um ou outro candidato, mas a seu índice de rejeição […] Em geral, esses dados nos dão um melhor entendimento do ulterior desenvolvimento da situação", analisou.

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