Analista: China não permitirá que yuan se desvalorize em relação ao dólar

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Os mercados de países em desenvolvimento estão à beira de uma crise. As divisas da Turquia, Argentina, África do Sul, Indonésia e China estão em queda livre e a mídia adverte que os investidores estão tremendo devido à guerra comercial entre os EUA e a China e que as divisas caem seguindo o exemplo do yuan. Será que a China continuará permitindo-o?

Em setembro, a rupia indonésia atingiu seu valor mínimo dos últimos 20 anos. O rand sul-africano não goza de melhor situação e o peso argentino perdeu quase 50% de seu valor. O valor da lira turca atingiu seu mínimo histórico.

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Entretanto, o yuan chinês causa a maior preocupação dos investidores. A taxa de câmbio da divisa chinesa já ultrapassou 6,9 yuanes por dólar, algo que nem sequer se observou durante a crise financeira de 2008. A principal razão pela qual todas essas moedas desvalorizam é comum: é o dólar estar forte, revelou à Sputnik China Jia Jinqing, diretor do Centro de Pesquisa Macroeconômica do Instituto de Finanças da Universidade de Pequim.

"O dólar é responsável por mais de 60% do comércio mundial de divisas. Por isso o problema está em como as outras moedas interagem com a dos EUA", explicou ele.

O dólar pressiona o yuan. A taxa de câmbio da moeda chinesa é influenciada pelas expectativas pessimistas dos investidores provocadas pelo conflito comercial entre a China e os Estados Unidos. Os dados também influenciam a produção nacional de ambos os países, acrescentou o especialista. Mas, em geral, as flutuações na taxa de câmbio permanecem dentro da normalidade. "De modo nenhum se trata de flutuações grandes", disse ele.

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"Não haverá grandes oscilações [entre o dólar e o yuan], embora a taxa de câmbio esteja mudando bastante rápido. Mas as flutuações do yuan em relação ao dólar são mesmo menores que a flutuação entre o dólar e o euro. Além disso, sete yuanes por dólar é uma marca psicológica, e é pouco provável que esse ponto seja atingido. Em qualquer caso, não existem razões macroeconômicas para que isso aconteça. Embora a China tenha implementado um ajuste anticíclico para calcular a taxa de câmbio do yuan, ele é calculado com base nos mecanismos de mercado, de maneira que a taxa de câmbio não seja manipulada", revelou Jia Jinqing.

O que significa "ajuste anticíclico" sabe apenas o Banco Central chinês. A única coisa que fica clara é que essas medidas são levadas em conta pelos reguladores financeiros chineses, ao calcularem a taxa de câmbio do yuan, e que são adotadas para evitar a volatilidade de curto prazo.

A China já tomou essas medidas várias vezes em tempos de instabilidade monetária e agora as adotou de novo. Portanto, não é de esperar que o yuan continue caindo, sublinhou o analista.

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Pequim não tem interesse na desvalorização da sua divisa a longo prazo. Por um lado, a desvalorização favorece os exportadores em tempos de guerra comercial. Mas, por outro lado, levando em conta a crescente dependência da China de importações de hidrocarbonetos, a desvalorização do yuan aumentará os custos de produção e, como consequência, afetará o crescimento econômico.

"Então, por enquanto não há motivo para pensar que o yuan continue caindo por razões internas […] Outra coisa é como vão se comportar os investidores. A prática mostrou que suas decisões não são tomadas apenas dependendo da situação de determinados países em desenvolvimento, mas também – e em maior medida – dependendo da situação financeira nos EUA", conclui o analista.

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