China se opõe a 'cruzada' dos EUA contra Venezuela, diz analista

© AFP 2023 / FEDERICO PARRAPresidente chinês Xi Jinping com o presidente venezuelano Nicolás Maduro durante a sua visita a Caracas, Venezuela, julho de 2014 (foto de arquivo)
Presidente chinês Xi Jinping com o presidente venezuelano Nicolás Maduro durante a sua visita a Caracas, Venezuela, julho de 2014 (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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Os EUA não têm qualquer fundamento para forçar a China a introduzir sanções contra a Venezuela. Esta exigência é uma pressão direta dos EUA sobre o país asiático no decorrer das negociações comerciais entre os dois países.

Segundo a agência Reuters, os EUA tentaram persuadir a China a não conceder um novo empréstimo à Venezuela, comunicou um funcionário de alto escalão norte-americano, que pediu anonimato. 

Porém, a China reagiu negativamente. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lu Kang, afirmou que os outros países não devem fazer observações irresponsáveis quanto às relações da China com seus parceiros. O diplomata frisou que os EUA devem resolver suas disputas com a China através de negociações.

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As exigências dos EUA quanto ao empréstimo à Venezuela é uma pressão direta dos EUA, especialmente em meio às negociações comerciais entre os dois países, acredita o especialista do Instituto da América Latina (Moscou), Aleksandr Kharlamenko, entrevistado pela Sputnik China.

Para ele, os EUA como que estão dando a entender à China que o país não deve atrapalhar com sua assistência econômica o "sufocamento" da Venezuela. 

"Os EUA estão organizando uma 'cruzada' contra a Venezuela, igual às do passado contra Cuba, ou agora, contra o Irã. A China é o principal parceiro econômico do Irã e da Venezuela. Isso prova que as 'cruzadas' de Washington contra Caracas visam limitar principalmente a influência econômica da China ao hemisfério ocidental", afirmou.

De acordo com Kharlamenko, trata-se da tentativa de submeter os países da América Latina e a própria China à vontade dos EUA, visando enfraquecer sua independência e sua atividade externa.

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Outro especialista em assuntos da América Latina da Universidade de Xangai, Jiang Shixue, também comentou a situação.

"No que se refere à diplomacia, a China apoia o princípio de não interferência em assuntos da política interna de outros países. É claro que Pequim também se opõe a que outros países interfiram em seus negócios. Os laços econômicos e comerciais entre a China e a Venezuela são baseados em uma escolha voluntária das partes, eles estão conforme o direito internacional e os princípios das relações exteriores", explicou.

O analista indicou que os empréstimos também são necessários para desenvolver as relações comerciais entre os países.

"Sendo assim, os EUA não têm bases para forçar a China a apoiar as sanções contra a Venezuela. Os EUA seguem o caminho de hegemonia e da política de força", adicionou Jiang Shixue.

"Os EUA introduzem sanções contra a Venezuela e querem que os outros países façam o mesmo. O resto do mundo é contra tal atitude. Os EUA têm seu jeito, contudo, eles não têm o direito de interpretar seus princípios como se estes devessem ser aplicados a todo o mundo […] Eles não podem exigir que os outros países sigam seu caminho ou lhes obedeçam", frisou o especialista.

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"De tudo o que os EUA gostam, o resto do mundo deve gostar, àquilo que os EUA se opõem, os outros também devem se opor. É um absurdo", concluiu.

A Venezuela apoia fortes laços econômicos com o Irã. São países que lideram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo. Hoje em dia os EUA fazem tudo para introduzir um bloqueio contra eles e arruinar seus regimes internos. De acordo com Aleksandr Kharlamenko, sem a Venezuela e o Irã, a organização acabará falhando, e se tornará um pátio das traseiras dos EUA e da Arábia Saudita. 

Ao mesmo tempo, isso significará um aumento de pressão contra a China como o principal importador de petróleo e de gás da Venezuela e do Irã. Este é precisamente um dos objetivos que as sanções norte-americanas perseguem em relação a Caracas e ao Irã.

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