Senadora russa: EUA destroem instituições internacionais que levaram anos a serem criadas

© AP Photo / Vahid SalemiMíssil Ghadr-H frente ao retrato do supremo líder iraniano, Ali Khamenei, Teerã
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A presidente do Senado da Rússia, Valentina Matvienko, abordou, em entrevista à Sputnik, vários assuntos da agenda internacional. Entre eles, a saída dos EUA do acordo nuclear com o Irã.

Segundo Matvienko, as ações de Washington podem minar a confiança nas instituições internacionais, em particular, na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

"Acredito que há ainda um outro perigo após tais ações. Elas minam a confiança nas instituições internacionais, tais como a AIEA. A organização controlava de forma mais rigorosa o cumprimento do dito acordo. Mas agora, surge a questão quanto à confiança na AIEA, o que é completamente errado", afirmou.

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A senadora comparou a situação com a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), que, de acordo com Matvienko, se encontra sob uma "pressão pesadíssima" por parte dos que querem ouvir dela "o que eles gostariam de ouvir". Isso impede a OPAQ de levar a cabo investigações objetivas.

"Trata-se de uma tendência muito perigosa, porque isso significa a destruição da ordem internacional, do direito internacional e de instituições que levaram muitos anos a ser criadas e que têm regulado as relações internacionais em diferentes áreas", assinalou. 

Além disso, a senadora frisou que os EUA não apresentaram nenhum argumento para provar a necessidade de romper o acordo com o Irã. 

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"Além de se dizer que o acordo é alegadamente ruim e que foi assinado por Barack Obama [ex-presidente dos EUA], o mundo não ouviu nenhum argumento sério que explicasse o rompimento do acordo", explicou Valentina Matvienko.

A senadora é também de opinião que a saída de Washington do acordo nuclear pode criar um ambiente hostil na véspera das conversações na península coreana.

"Em minha opinião, com estas ações, Washington demonstrou uma falta de responsabilidade assustadora", disse Matvienko, apontando para as consequências da decisão norte-americana: destruição da confiança, surgimento de imprevisibilidade política, fraqueza dos acordos firmados. 

"Que ambiente é que isso pode criar na véspera das conversações com a Coreia do Norte, levando em consideração que os compromissos com o Irã, extremamente sólidos, podem de repente ser destruídos por um país?", perguntou. 

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No dia 8 de maio, o presidente dos EUA, Donald Trump, declarou a retirada do país do acordo considerado histórico com o Irã, tendo este sido fruto de longas conversações entre os EUA, o Irã, e todos os outros signatários (Rússia, China, Alemanha, França, e Reino Unido) e firmado em 2015. 

Conforme o acordo, em troca do cancelamento das sanções, o Irã concordou em submeter o seu programa nuclear a controle total, confirmando que não iria criar ou obter armas nucleares.

Agora, na sequência da saída dos EUA do acordo, Washington reintroduziu todas as sanções contra o país. 

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