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Especialista: Trump poderia se vingar do Brasil por declarações de Serra e Aloysio Nunes

© AFP 2023 / Alfredo EstrellaO ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra no México, 25.07.16
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Serra no México, 25.07.16 - Sputnik Brasil
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Toma posse na próxima terça-feira, 7, o novo ministro das Relações Exteriores, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). Ferreira substitui seu correligionário José Serra, que renunciou ao cargo alegando problemas de saúde. Sobre esse assunto, a Sputnik conversou com Guilherme Casarões, especialista em Relações Internacionais da FGV e da ESPM.

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José Serra pede demissão a Temer
Na justificativa apresentada ao Presidente Michel Temer, quando do anúncio de sua saída, Serra (PSDB-SP) explicou que o tratamento a que tem de se submeter após a recente cirurgia na coluna cervical obriga-o a evitar longas viagens internacionais, viagens estas inerentes ao cargo de chefe da diplomacia brasileira, e, por isso, deveria deixar o posto. 

Aloysio Nunes Ferreira assume o Ministério das Relações Exteriores em meio a uma polêmica. A imprensa recordou que, em novembro de 2016, quando presidia a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, ele afirmou em seu Twitter que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, eleito em 8 de novembro, "é o que há de pior, de mais incontrolado, de mais exacerbado entre os membros do Partido Republicano dos Estados Unidos". E agora, com Aloysio Nunes investido no Ministério das Relações Exteriores, o que se pode esperar do relacionamento político-diplomático entre Brasil e Estados Unidos?

Para Guilherme Casarões, expert em política externa brasileira, professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas e da Escola Superior de Propaganda e Marketing, ambas em São Paulo, é preciso analisar a questão com algum cuidado. Falando à Sputnik Brasil, ele destacou:

"Essa mesma preocupação nós também tínhamos com José Serra. Assim que foi nomeado chanceler, Serra deu uma entrevista ao Programa Roda Viva (Tv Cultura, de São Paulo) e, quando perguntado sobre as eleições dos Estados Unidos, disse que o Donald Trump não tinha a menor possibilidade de ser eleito. Obviamente, isso se voltou contra ele, com a vitória do Trump. Essas declarações (tanto as de Ferreira quanto as de Serra) acabam mostrando a sensibilidade diante de certos temas e o risco que figuras públicas incorrem (seja o Serra já chanceler, seja o Aloysio ainda senador) ao profetizar coisas que não se cumprem."

Para Casarões, situações assim poderiam passar despercebidas "se Trump não fosse quem ele é e se já não tivesse demonstrado traços de personalidade bastante interessantes", traços que, segundo o professor, trazem até uma certa instabilidade para a Presidência dos Estados Unidos. 

"Trump é vingativo, tem feito uma certa perseguição política aos grupos que não o apoiaram dentro do Partido Republicano, o que pode, obviamente, trazer alguns respingos para as relações dos Estados Unidos com o Brasil. Eu, pessoalmente, prefiro que o Trump não tenha tomado conhecimento das declarações do Aloysio Nunes assim como, aparentemente, não houve maiores consequências em relação ao que José Serra havia dito sobre o Donald Trump antes da eleição americana do ano passado."  

Segundo o especialista, Serra permaneceu muito pouco tempo no governo de modo a ter deixado um legado para Aloysio Nunes Ferreira. Mas ele ressalta que, pelo fato de ambos serem senadores do PSDB e por São Paulo, por seguirem uma certa identidade de pensamento, dificilmente Aloysio Nunes deixará de seguir as diretrizes implantadas por José Serra no curto período em que este permaneceu à frente do Ministério das Relações Exteriores.

Administrativamente, de acordo com Casarões, José Serra recuperou a imagem do Itamaraty devido às inúmeras dificuldades econômicas que a diplomacia brasileira estava enfrentando em suas representações no exterior. Ele acredita que, em termos de relacionamento, apesar do que os dois psdbistas disseram sobre Trump, o Brasil deverá evoluir em suas relações com os Estados Unidos. Além disso, também buscará fortalecer parcerias com China, Rússia e demais países do Brics. Já no caso da Europa, pensa que será necessário um tempo maior de maturação, pois a tendência é o continente sofrer algumas mudanças após o desligamento definitivo do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit.  

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