Jornal britânico afirma que Kremlin mata russos nas vésperas de presidenciais

© Maksim Blinov / Acessar o banco de imagensOs festejos do Ano Novo perto da Praça Vermelha, em Moscou, na madrugada do dia 1º de janeiro de 2018
Os festejos do Ano Novo perto da Praça Vermelha, em Moscou, na madrugada do dia 1º de janeiro de 2018 - Sputnik Brasil
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Há pouco, uma edição britânica comunicou uma notícia inédita sobre a mortalidade elevada na Rússia no período das festas natalinas. O observador da Sputnik, Vladimir Kornilov, comenta a publicação em seu artigo especial.

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"No período das festas do Ano Novo, a mortalidade na Rússia aumenta drasticamente. Devido aos 10 dias de feriados, morreram mais de 20 mil pessoas", escreveu o jornal The Independent.

A notícia cita as pesquisas de uma tal Aleksandra Nemtsova, "analista do centro científico estatal Serbsky", e frisa que os cidadãos da Rússia morrem especificamente por causa das longas férias natalinas, ou seja, se embriagam e congelam até à morte, embora o próprio correspondente Oliver Carroll fale de um inverno excepcionalmente quente neste ano.

Carroll apresenta as férias de 10 dias na Rússia como algo muito peculiar e exótico ligado ao calendário ortodoxo e, por algum motivo, não leva em conta que no Ocidente as férias natalinas não são mais curtas.

Como descobriu a Sputnik, a "analista Aleksandra Nemtsova" é na realidade o principal especialista na Rússia na área da mortalidade alcoólica e doutor em Medicina, Aleksandr Nemtsov.

Em um comentário para a Sputnik, o especialista destacou a redução contínua do consumo de álcool no país desde 2004, o número de mortes em janeiro se reduziu de 21 mil para 12 mil em 2018, e sublinhou que os dados usados pela mídia britânica são exagerados. Vale ressaltar que um "exagero" de 8 mil pessoas parece bem grande.

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A base para o artigo sensacionalista do The Independent foi a pesquisa de Nemtsov, publicada no ano passado, onde o médico escreveu preto no branco que "não foi possível ligar o aumento da mortalidade em janeiro com o número de dias festivos". Provavelmente, o jornalista britânico nem achou tempo para conferir a versão original da investigação e se contentou com citações de outras fontes, sublinha o colunista da Sputnik.

Ademais, é interessante observar que as férias de 10 dias foram introduzidas na Rússia em 2003, enquanto a pesquisa de Nemtsov abrange o período entre 2004 e 2016 e sublinha a "redução em número de mortes, tanto no total, como das causadas pelo álcool".

"Sabe-se que no inverno, devido ao frio russo, a mortalidade sempre tem sido maior. Mas o jornal britânico nem se quis lembrar disso — pois nesse casso não haveria escândalo", escreve Kornilov.

A coisa mais inédita é que a edição até "conseguiu" ligar as férias natalinas com as próximas presidenciais na Rússia. O jornal esclarece que o Kremlin está preocupado com a "possível baixa taxa de comparecimento".

"É por isso que bem se pode afirmar que o Kremlin continuará oferecendo aos russos meios de tonificação na forma de férias longas e descanso do trabalho."

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