Guerra civil ameaça 'milagre econômico' do 2º país mais populoso da África

© AP Photo / Marwan AliGrupo de refugiados da Etiópia no Sudão
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A escalada da violência na região de Tigré, combinada com a crise provocada pela pandemia da COVID-19, pode fazer com que o PIB da Etiópia se reduza pela primeira vez desde 2003.

O crescimento econômico da Etiópia poderia se ver afetado pelo conflito armado entre o governo federal e as autoridades da região de Tigré, que começou no início deste mês.

A cadeia CNBC adverte que a guerra poderia ter como consequência a queda do Produto Interno Bruto (PIB) do país pela primeira vez desde 2003, finalizando, desta forma, o que os especialistas chamavam de "milagre econômico" africano.

Previamente, o Fundo Monetário Internacional, já havia diminuído o prognóstico do crescimento da Etiópia para este ano de 6,2% para 1,9% devido à crise provocada pela pandemia da COVID-19.

Os especialistas entrevistados pelo canal ressaltam dois fatores que contribuem para a possível queda da economia de uma país que, com 109 milhões de habitantes, é o segundo mais populoso da África.

© AP Photo / Samuel HabtabHomem lê reportagem sobre operação militar do governo da Etiópia contra a província de Tigray, na capital etíope Adis Abeba, 7 de novembro de 2020
Guerra civil ameaça 'milagre econômico' do 2º país mais populoso da África - Sputnik Brasil
Homem lê reportagem sobre operação militar do governo da Etiópia contra a província de Tigray, na capital etíope Adis Abeba, 7 de novembro de 2020

O primeiro destes é o custo da guerra, que não só resultará em vítimas humanas, como vai gerar destruição da infraestrutura e gastos militares.

"O conflito provará ser uma distração dispendiosa dos esforços do governo para lidar com a pobreza sistêmica e a insegurança alimentar, agravada este ano pela interrupção que as restrições de viagens impostas após a COVID-19 tiveram na produção agrícola e nos mercados", prevê Ed Hobey-Hamsher, analista da consultoria Verisk Maplecroft.

Além disso, o analista adverte que possíveis violações dos direitos humanos - como, por exemplo, o massacre de 500 civis em 9 de novembro na cidade de Mai-Kadra - vão enfraquecer o movimento de investimentos no país.

O segundo fator seria o autoritarismo cada vez mais notável do primeiro-ministro etíope e prêmio Nobel da Paz, Abiy Ahmed.

"As crescentes críticas nacionais e internacionais à repressão do governo contra opositores políticos, jornalistas, ativistas e líderes empresariais estão chamando a atenção de alguns sócios chave da Etiópia, como o Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional", opina Robert Besseling, diretor executivo da consultoria EXX Africa.

"Os investidores estrangeiros [...] também vão ser cautelosos ante tais violações dos direitos humanos e ações unilaterais como a suspensão do serviço de Internet e o fechamento de redes de meios", acrescentou Besseling.

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